Oposição vai às ruas e convoca greve geral na Venezuela contra a ditadura de Nicolás Maduro

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Centenas de milhares de opositores do presidente venezuelano Nicolás Maduro, o aprendiz de tiranete que sucedeu o caudilho Hugo Chávez no poder, foram às ruas na quarta-feira (26) para a chamada “Toma de Venezuela” (Ocupação da Venezuela), exigindo a revogação do mandato do chefe de governo. A oposição ainda anunciou uma greve geral para sexta-feira (28), além de um protesto em direção ao Palácio de Miraflores, sede do Executivo venezuelano, em 3 de novembro.

Em Caracas, os manifestantes tomaram a rodovia Francisco Fajardo, que liga o leste ao oeste da cidade e é considerada uma das mais importantes da capital. Os participantes, a maioria vestindo camisetas brancas, erguiam bandeiras da Venezuela e entoavam: “Esse governo vai cair”.

Os protestos, convocados pela coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) em várias cidades do país, foram motivados pela paralisação na Justiça, na semana passada, do processo para ativar um referendo que pode revogar o mandato de Maduro. A oposição acusa o governo de realizar manobras para que a consulta ocorra apenas em 2017 – o que impossibilitaria novas eleições.

Dezenas de feridos e detidos

Na quarta-feira, líderes opositores declararam que as manifestações foram reprimidas por forças policiais em vários estados, ação típica do governo criminoso de Maduro. “Temos centenas de feridos devido à repressão da polícia e dos grupos armados do governo”, disse o prefeito da cidade de Mérida, Carlos García, no Twitter.

García e o opositor Partido Primeiro Justiça (PJ) publicaram fotos de pessoas ensanguentadas na rede social e afirmaram se tratar de manifestantes feridos na cidade no oeste venezuelano.

Léster Toledo, deputado pelo estado de Zulia, também citou vários feridos após repressão policial em protesto na cidade de Maracaibo, capital desse estado. A ação teria sido supostamente ordenada pelo governador de Zulia, o governista Francisco Arias Cárdenas, segundo o parlamentar.

Além disso, Milagros Paz, deputada na Assembleia Nacional venezuelana, afirmou que 40 pessoas foram detidas apenas na capital do estado de Sucre, Cumaná, na sequência da manifestação.

A ONG Foro Penal, por sua vez, declarou que confrontos entre manifestantes e forças de segurança aconteceram em pelo menos cinco dos 24 estados da Venezuela. Ao todo, mais de 20 pessoas ficaram feridas e mais de 140 foram detidas, segundo o diretor da organização, Alfredo Romero.

No Twitter, Romero também compartilhou imagens de pessoas feridas, incluindo uma idosa de 79 anos com um ferimento na cabeça e um rapaz com marcas que parecem de balas de borracha. Segundo o diretor da ONG, eles foram atingidos em atos em Mérida e Barinas, respectivamente.


Greve geral e nova manifestação

Ao fim da manifestação em Caracas, líderes da MUD convocaram uma greve geral de 12 horas para a próxima sexta-feira em todo o país. Jesús Torrealba, secretário-executivo da aliança partidária opositora, disse que a paralisação será “um protesto contra a violação do direito ao voto” e apelou para que, nessa data, os venezuelanos “deixem as ruas vazias e o país deserto”.

O presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, anunciou ainda a convocação de uma manifestação para a próxima semana junto ao Palácio de Miraflores, em Caracas.

O parlamentar disse que o ato será pacífico, “mesmo que as forças repressivas do regime tentem impedi-lo”. “Em 3 de novembro vamos dizer a Nicolás Maduro que o povo venezuelano o declara responsável por negligência no exercício das suas funções políticas”, declarou Allup.

Protestos chavistas

Nesta quarta-feira, Maduro reagiu à oposição e pediu aos trabalhadores e empresários do país que não atendam à convocação da greve geral na sexta-feira. “Convoco o trabalho. Com o trabalho, derrotaremos aqueles que querem prejudicar a nossa pátria, aqueles que querem violência, aqueles que querem levar a pátria a uma desestabilização”, disse o bolivariano.

“[Os opositores] estão bêbados, estão desesperados e receberam a instrução do norte de acabar com a revolução bolivariana”, afirmou Maduro, citando o fim do mandato do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Obama vai embora e quer destruir a Venezuela antes de sair.”

As declarações do presidente foram feitas ao término de uma manifestação em apoio ao seu governo, que também reuniu milhares de simpatizantes em Caracas nesta quarta-feira.

Este é o segundo dia consecutivo em que os governistas se mobilizam no centro da capital venezuelana. Na terça-feira, em atividade similar, os partidários de Maduro se reuniram para fazer uma “demonstração de força” perante os ataques dos opositores do Executivo venezuelano.

No mesmo dia, a Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora, aprovou o início de um julgamento político que pode levar à destituição do presidente. Segundo a resolução, o processo deve avaliar e determinar a responsabilidade política de Maduro na crise social e econômica do país. (Com agências internacionais)

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