Outro policial federal que participou da Operação Monte Carlo é encontrado morto no DF

Tragédia anunciada – Quando o ucho.info noticiou que a morte de Wilton Tapajós Macedo, agente da Polícia Federal, assassinado na última terça-feira (17) em um cemitério do Distrito Federal, foi mera queima de arquivo, não demorou muito para que o editor fosse questionado por alguns estafetas dos ocupantes do poder. Policial experiente, Tapajós participou das investigações que embasaram a Operação Monte Carlo, a qual mandou à prisão o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Wilton Tapajós sabia demais sobre os meandros da operação policial, o que colocava na berlinda muitos apaniguados do governo federal. Afinal, Cachoeira jamais usou o filtro ideológico para sequência aos seus negócios pouco ortodoxos. Como o objetivo da CPI do Cachoeira, criada à sombra da Monte Carlo, é aniquilar politicamente o governador Marconi Perillo, de Goiás, os arquivos ambulantes da operação tendem a desaparecer, assim como ocorreu com os personagens do caso Celso Daniel. Durante as investigações do caso do ex-prefeito de Santo André, sete pessoas foram misteriosamente assassinadas. De acordo com ameaça feita por um preposto palaciano a um graduado integrante da Justiça, a vítima seguinte seria o editor do ucho.info.

Na tarde desta quinta-feira (19), um escrivão da Polícia Federal, que trabalhou com Wilton Tapajós, foi encontrado morto no Conjunto 3 do Jardim Botânico, área nobre do Distrito Federal. Por enquanto, a tese da polícia é que se trata de suicídio. A Polícia Federal, que participa das investigações com a Polícia Civil do DF e deve assumir o inquérito, não descarta a hipótese de vingança de membros da quadrilha ou queima de arquivo.

O escrivão Fernando Sturi Lima, de 34 anos, estava de plantão na PF quando saiu para ir ao enterro de Tapajós, mas há informações de que ele não compareceu à cerimônia de sepultamento do colega de profissão. De acordo com o Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol), o escrivão não participou da Operação Monte Carlo e não teria contato direto com Tapajós, mas fontes revelam que ambos trabalharam juntos na operação policial, não se sabe se oficialmente.

A sequência dessa tragédia ocorre com muito mais celeridade do que se esperava. Repetindo o que ocorreu com o assassinato de Wilton Tapajós, justificado por dívidas do policial, a morte do escrivão da PF certamente terá uma explicação pífia e arranjada. O Brasil está mais próximo de um regime ditatorial do que imaginam os cidadãos de bem. E não foi por falta de aviso, pois em 2003 este site alertou para o perigo de um processo de “cubanização” do País.

(Matéria ampliada às 20h42)