Participação acanhada de Lula na campanha de Dilma Rousseff é troco por quebra de acordo

dilma_rousseff_407Pé atrás – A participação de Luiz Inácio da Silva, o lobista Lula, na campanha de Dilma Rousseff ficou entre a necessidade pessoal e o cumprimento de tabela. Não se pode dizer que houve engajamento por parte do ex-presidente, até porque em suas aparições públicas Dilma dificilmente está presente. Quando isso aconteceu não passou de mera formalidade.

Preocupado com a possibilidade de ver os escândalos do PT descobertos pelos adversários políticos, Lula tem se dedicado a atacar Aécio Neves, o que não acontece no mesmo grau de intensidade, mas em mão inversa, em relação a Dilma Rousseff. Ou seja, o ex-metalúrgico não está a rodar o Brasil para defender com garra e convicção a reeleição da sucessora.

Esse cenário tem uma explicação técnica e uma importante informação de bastidor obtida pelo ucho.info. Na seara técnica, Lula está de olho na eleição de 2018. Por isso aposta na derrota de Aécio, sem pavimentar a estrada para que Dilma lance um candidato à própria sucessão. Tudo indica, por enquanto, que o mais cotado para ser o candidato de Dilma é o petista Aloizio Mercadante, um incompetente conhecido que conseguiu a proeza de revogar o irrevogável, algo inédito na história do universo, exceto na seara dos milagres.

Como sabem os leitores, Lula e Aloizio Mercadante não operam na mesma frequência. Tanto é assim, que Mercadante só conseguiu ser ministro no governo de Dilma Rousseff, depois de oito anos na fila de espera. E sua nomeação foi uma espécie de demarcação de território por parte da presidente da República, que nos bastidores sempre considerou o antecessor como uma ameaça real.

Uma das provas mais recentes dessa queda de braço entre Dilma e Lula foi a perda de poder, no âmbito da campanha, do presidente nacional do PT, Rui Falcão. Muito próximo a Lula e integrando a mesma corrente ideológica, dentro da legenda, do ex-presidente, Falcão foi substituído no comando da campanha de Dilma por Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário.

Ao contrário do foi noticiado nos últimos anos, Lula esperava disputar a eleição presidencial deste ano, sendo que sua decisão de apoiar Dilma, mesmo que de fachada, foi anunciada em cima da hora na convenção do partido, em São Paulo.

Muitos petistas têm criticado a ausência de Lula na campanha de Dilma, mas é nesse ponto que entra a informação de bastidor. Um dos caciques do PMDB, partido que integra a coligação partidária liderada por Dilma, disse que o grande problema é que a presidente quebrou um acordo selado com Lula em relação à disputa presidencial deste ano. Ou seja, Lula, como já mencionado, esperava disputar neste ano o direito de mais uma vez se instalar no Palácio do Planalto. E não foi por acaso que Lula se empenhou para inviabilizar a presidente como candidata à reeleição.

Essa confusão nas coxias petistas explica a participação minimalista de Lula na campanha presidencial de sua pupila, até porque seu objetivo maior é evitar que o partido desmorone no rastro da descoberta dos escândalos de corrupção. Depois disso, o ex-presidente tratará do seu projeto de voltar ao comando do País. O que seria uma extensão da tragédia atual.

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