Petrobras: Paulo Roberto Costa se recusa a falar na CPMI, transformada em palanque eleitoral

pauloroberto_costa_01Boca fechada – Confirmando o que noticiou o ucho.info, muito antes de toda a imprensa brasileira, Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, permanecerá calado durante sessão da CPMI criada no Congresso Nacional para investigar um cipoal de escândalos na estatal petrolífera. A Constituição Federal, assim como o Pacto de San José da Costa Rica, concede ao réu o direito de não produzir provas contra si. Sendo assim, o silêncio de Costa já era esperado.

Cientes de que o ex-diretor da empresa, acusado de integrar o esquema criminoso capitaneado pelo doleiro Alberto Youssef, permaneceria calado, os parlamentares deveriam ter descartado a realização de audiência, uma vez que o depoimento de alguém que se recusa a falar é inócuo.

A insistência em convocar Paulo Roberto Costa esbarrou na necessidade cada vez maior de deputados e senadores criarem um factoide político, já que o ano é de eleições e muitos deles correm atrás da reeleição ou até mesmo concorrem a novos cargos.

Diferentemente do que se alardeia na órbita da CPMI da Petrobras, o objetivo da Comissão é meramente eleitoreiro, pois não se pode querer que uma investigação complexa seja concluída em curto espaço de tempo, até porque as ramificações da quadrilha exigirão muito trabalho por parte das autoridades envolvidas na elucidação daquele que pode ser o maior escândalo de corrupção da história nacional.

Como a oposição não mostrou ao longo da última década capacidade de reação aos desmandos do Executivo federal, os quais encontraram guarida no parlamento, a saída foi criar um fato para ser explorado politicamente, como se isso representasse algum tipo de contribuição ao processo eleitoral em andamento. É por atitudes impensadas como a que marcou a intimação de Paulo Roberto Costa que a classe política está cada vez mais desacreditada.

Vale salientar que um eventual depoimento de Paulo Roberto Costa, dentro dos limites legais, poderia ter sido realizado por videoconferência, como aconteceu com José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, que há dias prestou depoimento ao juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável pelo processo da Operação Lava-Jato.

Independentemente da decepção anunciada que tomou conta do País, o silêncio do ex-diretor da Petrobras é benéfico para o curso das investigações e do processo judicial, pois o acordo de delação premiada foi firmado com a condição de confidencialidade por parte de todos os envolvidos nos depoimentos. Sendo assim, os cofres públicos poderiam ter sido poupados da despesa desnecessária que foi o transporte de Paulo Roberto Costa até a capital dos brasileiros e o seu retorno a Curitiba, onde continuará preso.

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