PF decide apurar vazamento de delação de ex-diretor da Petrobras, após Dilma negar “malfeitos”

policia_federal_11Tudo combinado – Não demorou muito e acabou acontecendo o que já era esperado. A Superintendência da Polícia Federal no Paraná decidiu abrir investigação para apurar o vazamento de informações que constam do depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e preso na esteira da Operação Lava-Jato. Costa fez um acordo de delação premiada e estaria revelando a procuradores e delegados federais detalhes do esquema de corrupção e desvio de dinheiro público que funcionava na petroleira para viabilizar a compra de apoio, pelo governo do PT, no Congresso Nacional.

O inquérito foi aberto no último sábado (6), após chegar aos assinantes e às bancas de jornal a mais recente edição da revista Veja, que trouxe trechos dos vários depoimentos de Paulo Roberto Costa, que permanece preso em Curitiba. Em nota distribuída à imprensa, a PF informou que as informações sobre a Operação Lava-Jato são protegidas por segredo de Justiça, mas não é de hoje que vazamentos ocorrem.

Muito estranhamente, a decisão de investigar o suposto vazamento de informações se deu após o Palácio do Planalto avaliar o estrago provocado pelas publicações na campanha de Dilma Rousseff. Por causa disso, o staff da campanha petista entendeu que o melhor seria evitar novos vazamentos, o que em tese interromperia o efeito cascata provocado pela divulgação de informações sobre o depoimento de Costa,que depois de abandonado resolveu abria sua caixa de Pandora.

Na segunda-feira (8), em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, a presidente Dilma disse que solicitou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal acesso ao conteúdo dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, com o objetivo de saber se há algum integrante do governo envolvido no esquema de corrupção denunciado pelo ex-diretor da estatal. Dilma sempre soube como funcionava o esquema na Petrobras, até porque Lula não tinha cabedal para, depois do Mensalão do PT, continuar com esmagadora maioria no Congresso Nacional, o que só foi possível por meio de escambo.

A petista lembrou que se não for atendida em seu pleito, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal. Ora, se os dados da Operação Lava-Jato estão sobre segredo de Justiça, não há como o STF conceder acesso aos depoimentos a quem não é parte. As denúncias feitas por Paulo Roberto Costa no vácuo da deleção premiada carecem de checagem, o que por enquanto não transforma o governo – ou algum integrante – em parte da investigação.

Presidente das duas CPIs que funcionam no Senado e no Congresso Nacional para investigar transgressões e atos de corrupção no âmbito da Petrobras, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) também requisitou acesso aos depoimentos de Paulo Roberto Costa.

A estatal, por sua vez, recorreu ao juiz federal Sério Moro, responsável pelo processo da Lava-Jato, para ter acesso às informações sobre o esquema de propina que funcionava na empresa. Em outras palavras, da noite para o dia o governo do PT e a Petrobras se transformaram em usina de inocentes bem intencionados. A Petrobras informou também que solicitou às companhias mencionadas nas reportagens informações sobre contratos com as empresas do esquema criminoso de Alberto Youssef, igualmente preso na capital paranaense e acusado de lavar o dinheiro que era repassado a políticos da chamada base aliada.

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