PF tenta prender dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, acusados de fraude contra a União

neri_geller_01Máquina de corrupção – Definitivamente o Partido dos Trabalhadores transformou-se em uma usina de escândalos, sem que seus integrantes reconheçam esse viés bandoleiro que há doze anos está na vitrine do cotidiano nacional. Nesta quinta-feira (27), a Polícia Federal tenta efetuar a prisão de dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, na “Operação Terra Prometida”, deflagrada para combater esquema de venda ilegal de lotes distribuídos por meio de reforma agrária no Estado de Mato Grosso.

Informações não oficiais dão conta da existência de denúncias de várias irregularidades na concessão e manutenção de lotes destinados à reforma agrária. Ao longo das investigações, a PF descobriu uma organização criminosa que atuava nas cidades mato-grossenses de Lucas do Rio Verde e Itanhangá, estruturada para cometer invasão de terras da União, crimes contra o meio ambiente, falsidade documental, estelionato e corrupção ativa e passiva, cujas penas podem chegar a até doze anos de reclusão.

A assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura informou que o ministro está em viagem ao exterior representando o vice-presidente da República, Michel Temer, e, por enquanto, não poderá se pronunciar sobre o assunto. A assessoria informou que não tem detalhes da ação da PF contra os irmãos de Geller.

De acordo com a PF, com o objetivo de obter a reconcentração fundiária de terras da União destinadas à reforma agrária, fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio se valiam da influência e poder econômico para aliciar, coagir e ameaçar parceleiros, obtendo de forma ilícita lotes de 100 hectares, cada um avaliado em cerca de R$ 1 milhão. Pelo menos 80 fazendeiros integram o esquema criminoso, acusado de patrocinar uma fraude estimada em R$ 1 bilhão.

“Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam e esbulhavam a posse destas áreas. Em seguida, com o auxílio de servidores corrompidos do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), integrantes de entidades de classe, servidores de Câmaras de Vereadores e de Prefeituras Municipais buscavam regularizar a situação do lote”, destaca a PF em nota.

A Justiça Federal emitiu 52 mandados de prisão preventiva, 146 de busca e apreensão e 29 de medidas proibitivas, para serem cumpridos pela PF nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde, todos em Mato Grosso. Também há investigados no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Instaurado em 2010, o inquérito investiga pelo menos oito servidores públicos.

Modus operandi

O esquema criminoso era operado por pessoas ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itanhangá (MT) e ao serviço social da prefeitura municipal, que elaboravam listas com nomes de “laranjas”, os quais, em nome de empresários e fazendeiros, falsificavam “cartas de desistência” e Declaração de Aptidão ao INCRA.

Na sequência, os servidores do INCRA realizavam “vistoria fictícia” para comprovar a posse dos “laranjas”, que após cadastrados no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (Sipra) eram homologados e imitidos na posse da terra. Contudo, no momento em que o INCRA emitia o documento, o fazendeiro já estava ocupando e parcelas reconcentradas e produzindo a todo vapor.

As investigações apuraram que o esquema era altamente lucrativo, tanto para os intermediários que atuavam nas negociatas, quanto para os grupos do agronegócio que reconcentram as parcelas, usurpando áreas de topografia plana, o que as torna muito produtivas e valorizadas após a mecanização. (Com informações do Cenário MT)

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