PMDB não indica representante e CPI do Futebol é adiada novamente no Senado Federal

penalti_02Ganhando tempo – Confirmando as expectativas, a CPI do Futebol no Senado Federal foi, mais uma vez, alvo de adiamento. A previsão de iniciar os trabalhos nesta sexta-feira (25) não se concretizou por falta de consenso no PMDB para indicação do representante da legenda. É a segunda vez, em uma semana, que a comissão tem seu início postergado.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu ao senador Romário de Souza Faria (PSB-RJ), autor do requerimento de criação da CPI, que os trabalhos serão iniciados na próxima quarta-feira, 1º de julho. Desta forma, a CPI completará aniversário de um mês dentro da gaveta.

A primeira previsão era de que a reunião com todos os membros seria em 15 de junho. Porém, até o momento, nenhuma bancada havia designado seus parlamentares. A instalação foi adiada para esta sexta-feira, 26. O que não ocorreu em razão da demora do PMDB em indicar seus dois representantes.

A CPI terá sete membros titulares. Os senadores Humberto Costa (PT-PE), Zezé Perrela (PDT-MG), Alvaro Dias (PSDB-PR), Fernando Collor de Mello (PTB-AL), além de Romário, já estão confirmados. O PMDB tem direito a duas vagas por ser do bloco da maioria e ainda pode decidir se fica com a relatoria ou presidência da comissão.

Entretanto, no Congresso Nacional há uma regra, não escrita, segundo a qual o autor do requerimento pode assumir a relatoria, se assim lhe convier. Romário já repetiu que quer tal posto. Mas o PMDB avisou nesta semana que também tem interesse nesta posição.

Em termos de importância, o relator consegue produzir mais que o presidente de uma CPI, visto que ao presidente, compete a direção dos trabalhos e a representação da comissão em suas relações externas ao Congresso. A condução dos atos de investigação mantém-se sob controle do relator.

Romário tem o apoio do PT para ficar com a relatoria. O petista Humberto Costa e o peemedebista Eunício Oliveira (CE), líder do partido no Senado, devem se encontrar para articular a composição da Mesa Diretora. O PMDB defende que há diversos parlamentares da sigla interessados na relatoria.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem relacionamento muito próximo, quase incestuoso, com o PMDB do Senado. Inclusive, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), já manteve empregado em seu gabinete o atual diretor de assuntos legislativos da CBF, Vandenbergue Machado. Na época em que Renan foi ministro da Justiça, durante o governo Collor, Machado compunha a equipe ministerial em contato direto com Calheiros.

Machado é funcionário efetivo do Senado, seu nome foi citado com frequência quando da CPI da CBF, em 2001, e marca presença em toda e qualquer sessão cujo tema é futebol ou algum outro assunto relacionado. Foi ele quem escoltou Marco Polo Del Nero até o carro, do lado de fora da Câmara dos Deputados, após prestar depoimento na Comissão de Esporte, no início de junho.

O jornal “Correio Braziliense” publicou, na edição de quarta-feira (24), um flagrante de Vandenbergue ao telefone em que dizia nos corredores do Senado: “A CPI é nosso maior problema agora”.

O PMDB no Senado ainda conta com Jader Barbalho (PA), que tinha proximidade com José Maria Marin, a quem já pediu para interceder pelo Remo, tradicional clube de Belém. E a legenda também conta com o maranhense João Alberto, mais um dos apadrinhados da família Sarney. Foi com o apoio do ex-presidente José Sarney que ele se tornou governador do Maranhão, entre 1990 e 1991, e também foi deputado federal pelo Estado.

O segundo dos três filhos de José Sarney, Fernando, é vice-presidente da CBF, aliado a Marco Polo Del Nero e diretamente interessado no andamento das investigações no âmbito da confederação. Que ao longo dos anos acumulou a lama da corrupção que infesta o futebol nacional. O “sarneyzista” João Alberto foi cotado para presidir a CPI antes de o PMDB anunciar publicamente interesse pela relatoria. (Danielle Cabral Távora)

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