Recordar é viver – Na noite de quinta-feira (10), a Polícia Civil de São Paulo anunciou a prisão de Eucyd Oliveira Brito, o “John”, condenado pelo sequestro do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel. Fugitivo da Penitenciária de Pacaembu, no interior de São Paulo, “John” dividiu as páginas policiais com o traficante carioca “Nem”, mas o assunto deveria estar nas páginas de política da imprensa nacional.
“John” nem de longe é um preso comum, por mais que as autoridades queiram dar ao caso o rótulo de crime comum. Os constituídos Poderes do Estado de São Paulo, como um todo, têm o dever de ofício de garantir a vida do sequestrador, pois trata-se de um “arquivo vivo e ambulante”, com largas chances de ser morto qualquer momento no sistema penitenciário. Um dos poucos que conhecem a camuflada verdade que recobre o covarde caso da morte do ex-prefeito de Santo André, importante cidade do ABC paulista, Eucyd Brito volta à alça de mira dos interesses escusos de muitos que gravitam nos imundos bastidores da política.
Desde a prisão dos envolvidos no crime que balançou as estruturas do Partido dos Trabalhadores, muitas das testemunhas foram mortas com o passar dos anos. Até mesmo o médico-legista Carlos Delmonte Printes, que participou das investigações do caso, morreu em circunstâncias ainda não esclarecidas. Tirante o empresário Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, acusado de ser o mandante do crime, e o sequestrador que foi recapturado por policiais, o editor do ucho.info é a derradeira pessoa que conhece os bastidores do crime. Ao longo desses anos, várias foram as ameaças e retaliações por conta disso. De processos judiciais a intimidação de familiares, passando por ameaças de morte, tudo aconteceu.
É preciso que a sociedade fique atenta ao desdobramento da nova prisão de Eucyd Oliveira Brito, pois o seu silêncio interessa a muitos. Para se ter ideia da dimensão da sordidez que freqüenta os bastidores do caso, familiares de Celso Daniel precisaram fugir do Brasil, sob pena de serem mortos, e agora vivem em lugares incertos e não sabidos.
Confira abaixo os principais trechos das gravações telefônicas do caso, divulgadas à época com exclusividade pelo ucho.info. Em uma delas, o atual ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Ivone Santana tratam a morte de Celso Daniel com frieza e desdém.
