Políticos adotam discurso mafioso ao afirmar que o Supremo está criminalizando doações de campanha

Há nas redes sociais um movimento em defesa da Operação Lava-Jato, como se as investigações corressem algum perigo. Depois de três anos “em cartaz”, a Lava-Jato está consolidada em termos de investigação, mesmo com alguns equívocos e transgressões cometidos no âmbito da lei pelas autoridades da força-tarefa.

Por mais que os políticos tentem evitar o pior, ou seja, a identificação e a punição de casos de corrupção, será cumprido aquilo que manda a legislação vigente no País, sem a necessidade de qualquer outra lei para punir aqueles que usam mandatos eletivos ou cargos públicos como arma para a extorsão.

Depois da acertada decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de “empurrar” o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) para a vala dos réus acusados de corrupção, oficializando o entendimento de que é crime o recebimento de propina mesmo que na forma de doação de campanha, parlamentares deram voz a uma tese no mínimo oportunista, típica de quem defende o corporativismo bandoleiro: a de que a Justiça está criminalizando a doação eleitoral.


Deputados e senadores, assim como outros alarifes que navegam no lamaçal político brasileiro, têm garantido o direito ao chamado “jus sperniandi”, mas querer inverter a ordem das coisas é delinquência intelectual. Quem conhece como funciona a política no País sabe que em nenhum lugar do planeta doações na casa dos milhões são feitas sem qualquer tipo de contrapartida, mesmo que essa seja cobrada posteriormente. Em qualquer situação, essa doação fica caracterizada como propina.

A malandragem e a ousadia dos políticos avançaram de tal forma nos últimos anos, que até a Justiça Eleitoral foi usada para tentar legalizar o produto do crime. Pagamento de propina com roupagem de doação de campanha – sem contar os muitos e polpudos repasses feitos a contas bancárias no exterior e que financiaram vida luxuosa a malandros com mandato ou cargos na estrutura do Estado – viola a lei e deve ser punido com o máximo rigor, gostem ou não os beneficiários.

No momento em que a classe política promove uma gritaria contra a correta decisão do STF, fica patente que a extensa maioria dos políticos está envolvida no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

A política nacional tem um estrutura comprovadamente mafiosa e com tal deve ser combatida, sob pena de o País afundar ainda mais na crise atual se nada for feito para reverter o quadro de penúria moral, mesmo que isso demore décadas. Trata-se de uma cruzada contra os corruptos, os quais precisam ser alijados da vida pública.

apoio_04