Pouco conhecida, hipertensão pulmonar é doença silenciosa e perigosa

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Dificuldade em respirar e fadiga podem ser mais do que sinais de falta de condicionamento físico. Silenciosa, podendo demorar até três anos para os primeiros sintomas, a hipertensão pulmonar não faz distinção de pacientes — atinge pessoas de todas idades — e, em casos graves, pode levar à morte em menos de três anos.

A maioria das vezes ela confundida com outros problemas de saúde, como a asma ou até a síndrome do pânico. A doença ainda é desconhecida e o diagnóstico precoce é um dos desafios, alertam especialistas.

“Os médicos precisam aprender a pensar na possibilidade de hipertensão pulmonar, porque o diagnóstico antecipado salva vidas”, alerta Francisco Kleir, chefe de terapia intensiva da Fundación Favaloro.

No Brasil, a Associação Brasileira de Amigos e Familiares de Portadores de Hipertensão Pulmonar (Abraf) estima que há cerca de 10 mil pessoas com hipertensão pulmonar, mas, destes, apenas 20% estão diagnosticados — o que significa que 80% dos casos são tratados como outros problemas.

“Além de lutar para um diagnóstico precoce e maior conhecimento da doença, por pacientes e médicos, outro obstáculo é o acesso ao tratamento. O medicamento é caro e difícil de conseguir até judicialmente”, destaca Paula Menezes, fundadora da associação.


Sem causas totalmente conhecidas, a hipertensão pode ser agravada por doenças cardíacas e pulmonares, além de coágulos sanguíneos, doenças no tecido conjuntivo, tireoide, infecção por HIV, fator hereditário e outras complicações.

A suspeita da hipertensão pulmonar pode ser confirmada por exames físicos, como o teste ergométrico, e eletrocardiograma, ecocardiograma e tomografia do pulmão. “Para um diagnóstico definitivo, contudo, é necessária a inserção de um cateter especial sensível à pressão no lado direito do coração, chamado cateterismo cardíaco direito”, explica Caio Julio Cesar dos Santos Fernandes, pneumologista do Grupo de Circulação Pulmonar do Incor-Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, um dos centros especializados em hipertensão pulmonar no Brasil.

Dos cinco tipos da doença, apenas a hipertensão tromboembólica crônica apresenta chance de cura, através de uma cirurgia, chamada endarterectomia pulmonar, que remove o material que dificulta a passagem do sangue nas artérias. Porém, 40% dos pacientes não são operáveis. “Nem todos conseguem tolerar o trauma torácico e a parada circulatória”, explica o cirurgião cardiovascular Roberto Favaloro.

Em alguns casos, a hipertensão pulmonar pode ser tratada através de medicamentos que retardam sua progressão e reduzem os sintomas.

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