Presidência da Câmara: candidatura de Marcelo Castro é obra de Lula e causa preocupação no Planalto

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A escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados, que deveria ser consensual, tornou-se inesperadamente uma disputa acirrada, que vem causando preocupação ao Palácio do Planalto. Até o início desta terça-feira (12), o governo interino de Michel Temer vinha negando a interferência no processo, mas diante dos dificultosos desdobramentos teve de sair dos bastidores e assumir a cena principal. Isso porque a bancada do PMDB na Câmara decidiu lançar candidato próprio e o escolhido é o deputado Marcelo Castro, ex-ministro da Saúde no governo Dilma.

A manobra surpreendeu o núcleo do governo Temer, que não esperava uma radicalização no PMDB a poucas horas da escolha do novo presidente – a eleição está marcada para as 19 horas de quarta-feira (13).

Castro, que derrotou o peemedebista Osmar Serraglio (PR), votou contra o impeachment de Dilma Rousseff e pode ter assumido a candidatura a pedido de Lula, que vem atuando nos subterrâneos para inviabilizar o governo atual.

Depois que o PT desistiu de apoiar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ), o partido seguiu as ordens do ex-presidente da República e buscou um candidato que causasse preocupação aos palacianos. A ideia é, em caso de vitória, esculpir um novo discurso na seara do processo de impeachment da afastada Dilma Rousseff, que terá o futuro político decidido por volta de 25 de agosto.


Enquanto o staff de Michel Temer contemplava a fragmentação da disputa rumo à presidência da Câmara, os agora opositores do governo manobravam para eventualmente dar o troco. Temer e seus assessores sabem que para governar é preciso ter um presidente da Câmara alinhado, principalmente porque há um sem fim de medidas, em especial de caráter econômico, para serem analisadas e votadas pela Casa legislativa, mas o estrago está consumado.

O melhor seria optar por candidatura única do grupo que até meados de maio fazia oposição ao governo de Dilma Rousseff. Essa é a tese defendida pelo líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), para quem a candidatura única daria mais força ao grupo em um cenário com mais de dez candidatos.

“Com apenas um candidato poderíamos chegar ao segundo turno com grandes chances de conquistar o apoio de diversos partidos. É claro que isso também depende de uma conversa entre os dois candidatos que já se apresentaram”, avalia Rubens Bueno, que acredita que até a manhã de quarta-feira o cenário eleitoral estará menos conturbado.

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