Presidente do México deve receber pais de estudantes desaparecidos

pena_nieto_01Sem resposta – O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto deverá receber na quinta-feira (30), na Cidade do México, os familiares dos 43 estudantes desaparecidos há mais de um mês no sudoeste do país. A informação foi dada pelo porta-voz do grupo, Felipe de la Cruz, à agência de notícias DPA.

O representante das vítimas assegurou que o procurador-geral Jesús Murillo Karam, encarregado do caso, também estará presente, e que as famílias pressionarão por uma pronta solução para o caso. Até o momento, o gabinete presidencial não confirmou o encontro.

Papa e bispos condenam sumiço

A relutância de Peña Nieto em se encontrar com os pais dos desaparecidos tem sido um dos muitos motivos de crítica a seu governo dentro do escândalo que envolve arbitrariedade policial e corrupção.

“Definitivamente, não estamos satisfeitos de forma alguma”, comentou De la Cruz. Seu filho também se encontrava em Iguala na noite do sumiço, porém conseguiu salvar-se.

A Conferência do Episcopado Mexicano também instou as forças de segurança a redobrarem seus esforços na busca dos jovens e a “não lucrar politicamente com a desgraça” – o México está a poucos meses de eleições legislativas.

No Vaticano, o papa Francisco recordou nesta quarta-feira o destino dos jovens mexicanos. “Que estejamos perto deles em oração, dentro de nossos corações”, apelou, durante uma audiência geral na Praça de São Pedro. O pontífice incluiu na prece todo o povo do país latino-americano, que atualmente enfrenta tantos problemas de violência semelhantes.

Estratégia de segurança para Guerrero

No vilarejo de Cocula, no estado mexicano de Guerrero, médicos legistas seguem vasculhando um terreno próximo a um aterro sanitário à procura de indícios. Segundo a polícia, informações de quatro membros de quadrilha, que possivelmente participaram do sequestro dos estudantes, levaram à descoberta de partes de cadáveres no local. Não foi divulgado de quantos corpos se trataria, nem em que estado se encontram.

Na terça-feira (28), o procurador-geral declarou que testemunhas viram os alunos da escola normal de Ayotzinapa serem levados ao local. No momento, 10 mil agentes federais participam das investigações em Guerrero, que é considerada a região mais perigosa do país.

O ministro mexicano do Interior, Miguel Ángel Osorio Chong, anunciou mudanças na estratégia de segurança para o estado com apoio de forças federais, sobretudo na área ao norte conhecida como “Tierra Caliente”. Planeja-se, ainda, uma sindicância sobre todos os agentes de segurança de Guerrero.

Em 26 de setembro último, os 43 jovens esquerdistas foram detidos após confrontos com a polícia da cidade de Iguala, durante uma manifestação, sendo mais tarde entregues a membros da organização criminosa Guerreros Unidos. Deste então, não se sabe de seu paradeiro.

O caso trouxe à luz as estreitas relações entre as unidades policiais locais e grupos do crime organizado. Entre os prováveis implicados estão até o prefeito de Iguala, José Luis Abarca, e sua esposa, Maria de los Ángeles Pineda Villa.

O governo dos Estados Unidos também mostrou-se preocupado com o sumiço dos estudantes e seus desdobramentos. “Obviamente as notícias sobre a situação são preocupantes”, comentou o porta-voz Josh Earnest, na coletiva de imprensa diária da Casa Branca. (Com agências internacionais)

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