Presidente do PT fala em expulsar Delcídio Amaral, mas poupa o pedófilo Eduardo Gaievski

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Preso na quarta-feira (26) pela Polícia Federal, em Brasília, na esteira da Operação Lava-Jato, o ainda senador Delcídio Amaral foi imediatamente abandonado pelo Partido dos Trabalhadores. A nota divulgada pelo PT, antes da sessão do Senado que decidiu sobre a manutenção da prisão do petista, foi decisiva para selar a sorte do então líder do governo na Casa. Isso porque os que eventualmente poderiam votar a favor de Delcídio acabaram “lavando as mãos” diante da manifestação da direção do partido.

Na nota, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, informou que “o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade”. Em suma, a “companheirada” jogou Delcídio ao mar, assim como fez Lula ao longo de sua conturbada e nada confiável carreira política.

Constrangida com a divulgação da nota, a bancada petista reagiu imediatamente em plenário. O senador Humberto Costa (PT-PE), falando em nome dos petistas do Senado, afirmou que “o partido tem o direito e o dever de se posicionar”.

Agora, com a prisão de Delcídio mantida pelo plenário do Senado, o PT já cogita expulsá-lo do partido. É o que se depreende da nota no trecho em que Falcão afirma “nenhuma das tratativas atribuídas ao senador tem qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado”.

Enquanto Rui Falcão prepara a cicuta partidária que será imposta a Delcídio, senadores da oposição e da base governista traçam nos bastidores uma estratégia para cassar o mandato do ex-líder do governo na Casa. Considerando que nove entre dez senadores têm telhas de vidro no telhado, a ideia é deixar a decisão para a Mesa Diretora do Senado, que pelo Regimento Interno tem o poder de decidir sobre o caso.

A postura de Rui Falcão, que representa a direção do PT, em relação a Delcídio Amaral é no mínimo dúbia, pois a decisão de eventualmente expulsar o senador da legenda tem um ingrediente político muito mais covarde do que se imagina. A ordem é tomar alguma medida para minimizar o desgaste que a prisão determinada pelo STF causou à presidente Dilma Rousseff e ao agora lobista Lula. Por conta disse, Delcídio será “atirado aos leões”.

Ademais, o PT, que está em avançado processo de derretimento no cenário político nacional, busca uma fórmula pata estancar essa sangria que no médio prazo pode levar ao desaparecimento do partido. E a solução encontrada pelos “companheiros” é sacrificar o senador sul-mato-grossense como forma de tentar salvar a legenda. Sempre lembrando que o PT dificilmente escapará da implosão.

Há casos de escândalos protagonizados por petistas que não mereceram a mesma resposta que foi dada Delcídio. O primeiro deles é o de José Dirceu de Oliveira e Silva, condenado à prisão na Ação Penal 470 (Mensalão do PT) e preso na Operação Lava-Jato. Seguindo a retórica de Rui Falcão, o “companheiro” Dirceu já deveria ter sido expulso do partido. Recentemente, José Dirceu disse que seu lugar é no PT e que ninguém ousará tirá-lo da legenda. Para quem conhece os bastidores da política nacional, a declaração de Dirceu foi um duro recado à direção do partido, em especial a Lula.

Aliás, José Dirceu teria declarado que não fará acordo de delação premiada no âmbito da Lava-Jato, pois sabe que ao retomar a liberdade seria fácil e rapidamente morto. Mesmo assim, não se deve descartar a possibilidade de o ex-chefe da Casa Civil, em algum momento, contar o que sabe. E Dirceu sabe muito mais do que vários petistas gostariam que ele soubesse.

Outro caso polêmico que não mereceu essa postura radical do PT foi o do pedófilo Eduardo Gaievski, que foi levado ao Palácio do Planalto pela senadora Gleisi Hoffmann na condição de assessor especial da Casa Civil. Por ocasião da nomeação, Gaievski já era alvo de várias investigações de pedofilia. Preso horas antes de tentar empreender fuga para o Paraguai, Eduardo Gaeivski é acusado de dezenas de estupros de vulneráveis e já foi condenado a mais de cem anos de prisão. Apesar dessa “folha corrida”, Gaievski continua filiado ao PT.

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