Presídio de Alcaçuz, no RN, é palco de nova rebelião, enquanto o Palácio Planalto brinca de “faz de conta”

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As decisões tomadas pelo governo do presidente Michel Temer para tentar conter a grave crise que reina no sistema penitenciário nacional são não apenas paliativas, mas inócuas. Depois de mais um dia de reuniões e declarações oficiais, o Palácio do Planalto rompeu esta quinta-feira (19) com a notícia de mais uma rebelião no presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal (RN), que continua sob o controle dos detentos.

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), disse na quarta-feira (17) que a situação estava sob controle, alegando ser impossível invadir a unidade prisional e promover uma reedição do massacre do Carandiru, que em 1992 deixou, oficialmente, 111 mortos, no então maior presídio da capital paulista.

O enfrentamento entre facções criminosas em Alcaçuz, que deixou 26 mortos no último final de semana, repete-se nesta quinta-feira, com a clara demonstração de que as autoridades perderam o poder de mando no estabelecimento penal, o maior do Rio Grande do Norte. O presídio está cercado por forças policiais com o objetivo de impedir a fuga de presos, mas esse esquema de segurança poderá ruir a qualquer momento.

A forma como o governo federal vem tratando a crise no sistema penitenciário é marcada pela irresponsabilidade, pois beira a bizarrice um governante que afirma ser atemorizante a participação de integrantes das Forças Armadas em inspeções nos presídios.


Considerando que os militares não terão contato com os presos durante as chamadas operações “pente fino”, até porque a Constituição Federal impede tal situação, não se pode falar em atemorização. Durante as revistas, os presos serão retirados das celas para que os militares, de posse de equipamentos de rastreamento, consigam identificar a presença de armas, explosivos e celulares nos presídios.

A rebelião que avança no presídio de Alcaçuz é uma demonstração inequívoca de que o problema não deve acabar tão cedo. Por outro lado, após a transferência de alguns líderes de facções criminosas para outros presídios, a região metropolitana de Natal foi alvo de vários ataques perpetrados por criminosos ligados a esses bandos, com direito à destruição de vários ônibus e ameaças à população.

No maior presídio potiguar, em Nísia Floresta, os presos ocupam o pátio e insistem em protagonizar confrontos entre as facções rivais, cenário que aponta para um perigo crescente em termos de segurança pública. Os governos do RN e o federal perderam definitivamente o controle do presídio de Alcaçuz, mas não abrem mão de manter o “faz de conta” oficial.

Desde 2015 as celas da mencionada unidade prisional não contam com portas e cadeados por causa de outra rebelião, o que permite que os detentos circulem livremente. Empunhando pedaços de madeira, pedras e barras de ferro, algumas transformadas em armas brancas, os presos de Alcaçuz desafiam os responsáveis pelo presídio e, nos telhados dos pavilhões, promovem destruição no local.

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