Programa político do PSDB é coquetel que mistura enxurrada de desfaçatez com espetáculo de ousadia

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Há na política brasileira dois ingredientes em abundância: incoerência e desfaçatez. E nesse cenário ambas parecem irmãs siamesas. Levado ao ar na quinta-feira (2), o programa político do PSDB é que se pode chamar de ode ao acinte. Tendo como âncora o presidente nacional da legenda, senador Aécio Neves (MG), o programa tucano insiste, ao final de cada fala, no slogan “sempre a favor do Brasil”. Não se pode discutir que estamos diante de uma boa frase de efeito, mas não é preciso pensar muito para perceber que brincadeira tem limite e hora.

Gravação de programa partidário é uma eterna correria e os políticos que dela participam aceitam repetir, como papagaios, aquilo que lhes é entregue. Sequer raciocinam diante de um amontoado de palavras esparramadas por algum marqueteiro de plantão.

Sempre em cima do muro – essa é a fama do tucanato –, o PSDB tentou escapar da árdua empreitada de tirar o Brasil da crise patrocinada pelos petistas ao longo de treze anos. Tanto é assim, que, no primeiro momento, Aécio titubeou acerca da participação da legenda no governo interino de Michel Temer. O que mostra que o presidente do partido não é sempre a favor do Brasil.

Aliás, o PSDB tem cometido bizarrices que colocam o slogan do programa ao rés do chão. Não pode utilizar a assinatura “sempre a favor do Brasil” um partido que silencia diante do escândalo de corrupção que envolve o governador Paraná. Carlos Alberto Richa, conhecido nas hostes políticas como Beto Richa, é acusado de receber dinheiro de propina cobrada por agentes da Fazenda estadual. Richa é investigado na Operação Publicano e a chance de escapar de eventual condenação é quase nula. Ou seja, o PSDB não é a favor do Brasil.

– Não pode pegar carona na assinatura “sempre a favor do Brasil” o partido político que cruza os braços diante do escândalo conhecido como Máfia da Merenda, o “Merendão”. Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado estadual tucano Fernando Capez é acusado de participação no esquema criminoso que superfaturou merendas escolares. Capez, segundo delatores, recebeu dinheiro dos que colocaram a mão na massa.


– Não pode se valer do “sempre a favor do Brasil” o partido que é pivô de escândalo de corrupção em Minas Gerais. Ex-deputado federal, ex-presidente estadual do PSDB e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, o tucano Nárcio Rodrigues foi preso na esteira da Operação Aequalis sob a acusação de desvio de dinheiro público (R$ 14 milhões) em obra realizada no município de Frutal, no Triângulo Mineiro.

– Não pode agarrar-se ao slogan “sempre a favor do Brasil” o partido que continua sem dar explicações habitantes do mais importante estado da federação, São Paulo, acerca do escândalo de corrupção que envolveu o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. O governador Geraldo Alckmin instalou, com pompa e circunstância, uma comissão externar para apurar o caso, mas até agora os paulistas continuam sem saber o que de fato aconteceu.

– Não pode fazer uso do “sempre a favor do Brasil” o partido político cujo presidente é investigado no escândalo conhecido como “Lista de Furnas”. Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes autorizou, na quinta-feira (2), o prosseguimento do processo investigatório que tem na proa ninguém menos que Aécio Neves, acusado de participar de esquema de desvio de recursos públicos em Furnas Centrais Elétricas. O envolvimento de Aécio no escândalo foi confirmado por Alberto Youssef e Delcídio Amaral, ambos delatores da Operação Lava-Jato.

– Não pode embarca no “sempre a favor do Brasil” o partido que tem um dos seus próceres envolvidos no escândalo de corrupção conhecido como “Mensalão Mineiro”. Ex-governador de Minas Gerais (1995-1999) e ex-presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo foi condenado a 20 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro) no rastro de ume esquema criminoso de desvio de dinheiro de estatais mineiras para sua campanha à reeleição ao Palácio da Liberdade, sede do Executivo mineiro.

– Não pode escorar-se no “sempre a favor do Brasil” o partido que entende ser normal um dos seus filiados, até então com cargo de destaque, morar em prédio de luxo cujo valor do condomínio correspondia a quase 80& do seu contracheque. Ex-chefe da Casa Civil do governo de Geraldo Alckmin, o tucano Edson Aparecido deixou a pasta depois que ganhou corpo uma investigação sobre enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. Aparecido comprou um apartamento de luxo por R$ 620 mil, valor muito abaixo do praticado no mercado imobiliário paulistano (á época do negócio estava avaliado em 2 milhões, mas hoje custa R$ 9 milhões). O imóvel pertencia ao empreiteiro Luiz Albert Kamilos, que tem contratos milionários com o governo de São Paulo.

Para ser econômico e não alongar a matéria, o UCHO.INFO apenas registra alguns outros escândalos tucanos: a emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, o caso da “Pasta Rosa”, o caso “Sivam” e o caso dos bancos Marka e FonteCindam.

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