Protesto: público na Avenida Paulista foi menor do que o do Lollapalooza e o de Corinthians e São Paulo

(Danilo Verpa – Folhapress)

Manifestação popular requer os mesmos cuidados que medicamentos: é necessário ler atentamente a bula, dando especial atenção não apenas às indicações dos mesmos, mas aos efeitos colaterais e reações adversas.

As manifestações realizadas no domingo (26) eram o que se pode chamar de fiasco anunciado. Com pauta tão diversa e confusa, os protesto só não fracassaram de vez porque alguns brasileiros acreditaram que o movimento seria uma réplica dos que lotaram as ruas de diversas cidades do País e defendia o impeachment de Dilma Vana Rousseff.

Na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, principal vitrine das manifestações, o protesto dominical sequer reuniu 20 mil pessoas. Segundo os organizadores, 15 mil cidadãos circularam por alguns quarteirões da principal via da capital paulista. O número de manifestantes foi tão pequeno, que chegou a menos de 30% do público que lotou o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, para ver o empate entre São Paulo e Corinthians – 51,8 mil torcedores foram à arena tricolor.

Faltou aos organizadores do protesto planejamento e bom senso no momento de definição da pauta. Nem mesmo em sonho a Operação Lava-Jato corre riscos, mas os mentores do protesto resolveram incluir o tema no cardápio da manifestação. De igual modo, o juiz Sérgio Moro nem de longe é um maior abandonado. Ele está agindo com o respaldo da lei e sem qualquer ameaça que possa comprometer seu trabalho.


Mesclar temas como o fim do foro privilegiado, a anistia ao caixa 2, voto em lista fechada, revogação do estatuto do desarmamento, reforma da previdência, entre outros, é sinal de amadorismo dos responsáveis pela organização do evento. Até porque, há assuntos mais importantes e prementes para serem incluídos na pauta de um protesto em favor da democracia.

Um desses tópicos é o aparelhamento da máquina federal feito pelo PT, que continua intacto mesmo com a chegada do peemedebista Michel Temer ao poder central. Enquanto essa invasão comunista na estrutura federal não for eliminada, o Brasil continuará refém do partido que ao longo dos últimos anos dedicou-se ao banditismo político. O melhor exemplo da letargia palaciana em relação ao aparelhamento da máquina estatal está na porção brasileira da usina binacional de Itaipu, onde o petista Jorge Samek, indicado por Lula, continua como diretor-geral

Em relação ao planejamento, é preciso consultar a agenda de cada capital brasileira antes de convocar um protesto. No caso da capital paulista, dois importantes eventos fizeram concorrência à manifestação, além do dia ensolarado: o clássico Corinthians e São Paulo e o festival Lollapalooza (190 mil pessoas).

E de nada adianta querer minimizar o efeito negativo dos protestos de domingo, pois a verdade é implacável e os números não mentem. Com um número de manifestantes muitíssimo menor do que o esperado, os protestos serviram para dar fôlego e coragem à esquerda bandoleira, que mesmo diante da avalanche da Lava-Jato luta para não desaparecer da cena política nacional e, eventualmente, retornar ao poder.

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