Protestos seguem nos EUA, mas polícia relata noite mais calma em Ferguson

(L. Jackson - Reuters)
(L. Jackson – Reuters)
Rastilho de pólvora – Centenas de manifestantes retornaram às ruas de Ferguson na noite de terça-feira (25) para protestar contra o veredicto a favor de um policial branco que matou o jovem negro Michael Brown. Entretanto, as autoridades afirmaram que os estragos na pequena cidade no estado de Missouri foram menores do que nesta segunda-feira, graças a uma forte presença policial.

Apesar da noite relativamente calma em comparação à anterior, 44 pessoas foram presas. Nesta segunda-feira, no dia em que o grande júri anunciou a controversa decisão sobre o caso Brown, 61 pessoas haviam sido detidas em meio a vandalismo, saques e tiroteios.

Alegando que não havia evidências suficientes, o júri decidiu não indiciar o policial Darren Wilson, que matou a tiros Brown, de 18 anos e que estava desarmado, em agosto. A magnitude dos protestos que se seguiram ao veredicto surpreendeu os policiais, segundo o oficial Ron Johnson, do estado do Missouri.

Na terça-feira, um grupo de cerca de 300 pessoas também conseguiu incendiar um carro da polícia e destruir algumas janelas na prefeitura de Ferguson. De acordo com o chefe de polícia John Belmar, uma pessoa tentou atirar uma bomba contra a sede da prefeitura da cidade, que não explodiu. Além das detenções, a polícia usou fumaça e spray de pimenta para evitar uma escalada da situação.

Entretanto, segundo Belmar, muitos dos manifestantes que saíram às ruas nesta terça-feira fizeram demonstrações pacíficas e até mesmo tentaram ajudar a polícia a manter a calma.

Centenas de pessoas também realizaram protestos pacíficos em Seattle, no estado de Washington, e em Albuquerque, no Novo México. Manifestantes também interromperam o tráfego em St. Louis, condado no qual Ferguson está localizada, em Nova York e em Cleveland, em Ohio. Grupos também saíram às ruas no Michigan, no Maine, na Geórgia, em Wisconsin e em outros estados. Segundo a emissora CNN, houve protestos em 170 localidades.

A frase “mãos ao alto, não atire” virou lema contra mortes por policiais no país. Em Nova York, os manifestantes gritavam “sem justiça, não há paz”. Alguns levavam cartazes com os dizeres “Cadeia para policiais assassinos” e “Justiça para Michael Brown”.

Mais cedo, um advogado da família Brown declarou que a decisão do grande júri de livrar Wilson foi “completamente injusta”.

Em seus primeiros comentários públicos desde a morte de Brown, Wilson, de 28 anos, disse à emissora ABC News que sentia muito pela morte do jovem, mas que tinha a consciência limpa. Ele afirmou que temia pela própria vida no confronto com Brown. “Eu gritei: ‘Pare, vá para o chão’. E ele ignorou o comando.”

A morte do jovem foi seguida de protestos em agosto. A dura reação da polícia foi alvo de críticas. Meses de protestos tensos, porém pacíficos, se seguiram enquanto o grande júri investigava o caso. Com a decisão em favor do policial, as discussões e protestos relacionados à questão racial nos EUA foram reacendidos. (Com agências internacionais)

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