Força de Dirceu – O presidente do PT, José Eduardo Dutra, renunciou hoje (29) ao cargo diretivo por motivos de saúde. Ele justificou a saída com uma declaração médica, apresentada durante o encontro do Diretório Nacional do partido, que ocorre até amanhã (30), na capital federal. O PT e nem Dutra confirmam, mas o dirigente estaria com sérios problemas de depressão, inclusive ingerindo os chamados medicamentos tarja preta.
Dutra esclareceu que deixa apenas o comando do partido, mas que continua integrando o Diretório Nacional. “Quero deixar claro que estou deixando a presidência do PT, mas não estou me aposentando por invalidez. Agora, o PT define seu novo presidente. E eu me cuido”, disse.
O partido decide, agora, como será feita a sucessão de José Eduardo Dutra no comando da legenda, que, por enquanto, é chefiada pelo interino, Rui Falcão. Em entrevista coletiva, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, disse que na reunião da Executiva do partido, que aconteceu nesta quinta-feira (28), o nome do deputado estadual Rui Falcão (PT-SP) foi o único apresentado para uma eventual troca de comando da sigla.
A indicação de Falcão foi decidida pelas correntes Construindo um Novo Brasil, PT de Lutas e de Massa e Novos Rumos, que detêm 56% dos votos no diretório. Numa estratégia para retomar o comando do PT e a interlocução sobre indicações para o segundo escalão do governo, o grupo paulista do partido articulou uma reviravolta na madrugada de ontem, surpreendeu o Palácio do Planalto, impondo uma derrota à presidente Dilma Rousseff.
Foi a segunda derrota que o PT impôs à presidente desde que ela foi eleita. A primeira aconteceu em dezembro, quando a bancada escolheu o atual presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-SP), como candidato para comandar a Casa. O indicado por Dilma era o atual líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que é do grupo paulista, mas evitou aparecer nas reuniões que articularam a eleição de Rui Falcão.
O Diretório Nacional vai discutir a atual conjuntura política, econômica e social do país e do exterior. Devem participar do encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que fará uma exposição sobre os aspectos econômicos do país, e o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann. Ainda não foi confirmada a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A executiva também deverá decidir pelo retorno de Delúbio Soares. Como disse o jornal “O Globo” de hoje, o mensalão virou piada de salão no jantar oferecido pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) para comemorar a eleição de seu aliado Rui Falcão (SP) para a presidência do PT e a volta ao convívio petista do companheiro. Delúbio Soares foi operador do esquema que desviou R$ 55 milhões para financiar apoios de partidos aliados.