Requião surta ao ser questionado sobre benefício concedido a concessionária de rodovias do PR

roberto_requiao_29Momento de fúria – Senador da República pelo PMDB, Roberto Requião se elegeu governador duas vezes (2002 e 2006) sob a promessa de “baixar ou acabar” com o pedágio no Paraná. A promessa foi mero exercício de retórica palanqueira, mas agora Requião chamou para integrar sua chapa o deputado e dublê de empresário Marcelo Almeida, herdeiro da CR Almeida, dona dos dois pedágios mais lucrativos do estado: a Ecovia e Ecocataratas.

Na quarta-feira (30), durante entrevista à Rádio CBN de Cascavel, o senador peemedebista ficou furioso ao ser indagado sobre a retirada de um aditivo contratual que previa a duplicação da BR-277. Ao abrir mão da duplicação, Requião beneficiou diretamente a Ecocataratas de Marcelo Almeida e prejudicou os paranaenses que utilizam a rodovia.

Em 29 de julho de 2004, Roberto Requião viabilizou aditivo ao contrato da concessionária EcoCataratas, desobrigando a empresa de realizar uma série de obras no trecho da BR-277, entre Foz do Iguaçu e Cascavel. Pelo aditivo, a concessionária, controlada por Marcelo Almeida, ficou liberada de fazer obras de melhorias (viadutos, pontes, trincheiras) e da duplicação do trecho da rodovia entre as duas cidades.

O texto do tópico “G” do aditivo, assinado por Requião, desobriga a Ecocataratas de fazer: “Alterações das obrigações das concessionárias mantendo-se as obrigações relativas à operação da concessionária e conservação e restauração das rodovias e, excluindo-se os investimentos referentes às obras de melhorias e ampliação da capacidade”.

Ao ouvir a pergunta sobre o aditivo, Requião entrou teve um ataque de fúria. Ofendeu o respeitado radialista Valdomiro Cantini, gritou, esbravejou e deu por encerrada a entrevista, que era transmitida ao vivo. O chilique do senador vem se somar à coleção de episódios que revelam um cidadão de equilíbrio bastante precário, o que explica a alcunha de “Maria Louca”.

Entre muitas sandices discursivas, Requião já afirmou que faria um “pacto com o Diabo”. Também já chamou o MST, movimento que invade e depreda propriedades, de “bênção de Deus”; ordenou que um grupo de agricultores que protestava contra sua política agrícola que “metam a faixa [de protesto] no rabo”; ameaçou atirar contra um rapaz que atrapalhou gravação para programa eleitoral; ameaçou os agentes penitenciários com “cacete e cadeia”; homofóbico notório, afirmou que o câncer de mama em homens era provável decorrência das “passeatas gays”.

O lado folclórico e truculento de Requião, político que recita discurso de apoio aos pobres, esconde um cidadão que aprecia sobremaneira a boa vida e seu anticapitalismo militante não o leva a desprezar o capital. O peemedebista acumula o salário de senador com o de ex-governador aposentado, com o que embolsa mensalmente R$ 52 mil. Roberto Requião foi o senador que mais viajou à custa do erário em 2013, sempre para lugares considerados chiques.

Quando governou o Paraná (2003-2010), mantinha 88 cavalos (custeados pelo estado e tratados pela PM) para passeios matinais com os amigos. O abuso, que pode ter custado aos cofres públicos entre R$ 5 milhões a R$ 7 milhões ao longo de oito anos, está sendo investigado pelo Ministério Público do Paraná.

apoio_04