Rio-2016: do doping russo à vila olímpica, Olimpíada enfrenta problemas antes da abertura

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Tudo indica, por enquanto, que a Olimpíada do Rio de Janeiro será mais um evento marcado pelo “faz de conta”, algo que no Brasil tornou-se normal diante da oficialização do improviso. Não bastassem os problemas cotidianos da capital fluminense, a entrega da Vila Olímpica foi marcada por protestos de algumas delegações, que reclamaram das instalações inacabadas. O que já era esperado.

A delegação australiana se recusou a ocupar o especo que lhe fora reservado enquanto problemas não foram solucionados: encanamento, gás, água e banheiros. Se por um lado as reclamações cresciam, por outro as autoridades brasileiras se desdobravam em desculpas. Uns diziam que centenas de trabalhadores estão no local de forma ininterrupta para sanar os problemas, ao passo que outros afirmavam que muitas vilas olímpicas tiveram problemas. Em suma, ninguém teve coragem de assumir a culpa pelo primeiro fiasco dos Jogos.

Contudo, o maior imbróglio da Rio-2016 veio de longe. O Comitê Olímpico Internacional (COI), com sede em Lausanne (Suíça), decidiu não banir a delegação russa por causa de doping, como havia anunciado. O COI preferiu transferir o problema para as federações de cada modalidade esportiva, a quem caberá escolher os chamados “atletas limpos”. Mesmo assim, está mantido o banimento da equipe russa de atletismo, palco do maior escândalo de doping da história do esporte.


A Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) condenou a decisão tomada pelo COI, que contraria a recomendação da entidade de controle de dopagem. De acordo com o site da BBC, Olivier Niggli, diretor-geral Wada, lamentou a determinação e afirmou que a medida pode diminuir a proteção dos atletas limpos. “Essa decisão vai, inevitavelmente, causar uma falta de harmonização, possíveis desafios e menor proteção para os atletas limpos”, disse.

O presidente da Wada, Craig Reedie, mostrou-se surpreso, principalmente pelo fato de o escândalo ser fruto de um programa estatal de doping na Rússia. Reedie reforçou apoio a Yulia Stepanova, responsável por relevar o escândalo de doping, que desejava competir como atleta de bandeira neutra, mas teve o pedido negado.

“A Wada tem deixado claro que vai apoiar o desejo de Yulia de competir como atleta independente. Stepanova foi fundamental ao expor corajosamente o maior escândalo de doping de todos os tempos.A Wada está muito preocupada com a mensagem que está deixando para os próximos que resolvam denunciar, declarou Craig Reedie.

O COI, como mencionado anteriormente, manteve a exclusão da equipe de atletismo da Rússia, mas deu chance a atletas de outras modalidades disputarem os Jogos do Rio sob determinadas condições. Uma delas é não ter sofrido suspensão por doping anteriormente. Ou seja, os que fizeram uso de substâncias proibidas e não foram flagrados no controle estarão na Rio-2016, o que deve ser interpretado como um incentivo ao doping.

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