Rui Falcão descarta novas eleições, apesar de Dilma continuar defendendo plebiscito esdrúxulo

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Na carta que enviará aos senadores para fazer uma defesa acessória no escopo do processo de impeachment, Dilma Rousseff, a presidente afastada, defenderá a ideia de plebiscito sobre antecipação de novas eleições.

Como o Brasil é uma democracia, Dilma tem o direito constitucional de expressar livremente o próprio pensamento, mas é preciso que antes de fazer tal proposta a petista combine com Michel Temer sobre eventual renúncia, sem a qual sua ideia desmorona. Ademais, com base na Constituição vigente, antecipar eleição contraria o que determina a lei máxima do País.

Na última quinta-feira (4), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, descartou a proposta de realização de plebiscito. De acordo com o dirigente petista, a proposta é inviável uma vez que todo o processo para a convocação de novas eleições consumiria dois anos, coincidindo com 2018.

Falcão ainda afirmou que discorda politicamente da iniciativa, já que a presidente estaria abrindo mão de seu próprio mandato. Ao falar sobre a hipótese de os senadores votarem contra o impeachment diante da promessa de novas eleições, o presidente do PT disse não querer “artifícios para tentar enganar quem não vai ser enganado”.

Essas declarações também contrariaram representantes da segunda maior força do PT, a Mensagem ao Partido. Secretário de Formação do PT, Carlos Henrique Árabe reagiu, afirmando que existe democracia interna no partido e que a proposta será submetida à votação.

“Rui Falcão não deve congelar o debate interno. Ele não tem a palavra final, até porque não apresenta alternativas. O PT é democrático. Espero que ele seja minoria”, disse Árabe, explicando que a ideia será discutida daqui a duas semanas, em nova reunião do comando partidário.

Falcão aproveitou a ocasião para anunciar a decisão do partido de lançar um memorial em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O caderno reunirá todos os argumentos da assessoria jurídica do Instituto Lula.


Após reunião da cúpula do PT, nesta quinta, Falcão afirmou que o partido disponibilizará um estúdio para que Lula grave mensagens de apoio aos candidatos nesta eleição municipal. Contudo, ele explicou que a Executiva do partido não fez qualquer manifestação formal contra a aprovação do pedido de impeachment pela comissão especial do Senado porque o resultado “já era previsível”.

Segundo Falcão, Dilma deverá sinalizar com mudanças na política econômica e recomposição do seu governo se quiser conquistar votos contra o impeachment no Senado Federal.

A constatação do presidente petista acontece depois de Dilma culpar a tesouraria da sigla ao responder uma pergunta sobre caixa dois e dizer que a sigla precisa fazer uma reavaliação.

Presidente do PT fluminense, Washington Quaquá disse em resposta que Dilma também deveria rever medidas, como sua política econômica. Para Quaquá, Dilma contrariou sua base partidária e “não ajudou em nada” o partido.

Sobre a possibilidade de derrota do pedido de impeachment, Quaquá afirmou que só acontecerá “se os senadores ficarem honestos”. “Não vejo nenhuma viabilidade para esse tipo de proposta”, disse Falcão, após descrever o rito necessário para novas eleições.

Resumindo, se Dilma ainda não percebeu o real posicionamento do PT em relação ao seu calvário político – leia-se impeachment –, o melhor que a presidente afastada pode fazer é escolher uma empresa de mudança. O partido está preocupado apenas e tão somente com a eleição de 2018 e a eventual candidatura de Lula, que pode acabar atrás das grades antes disso.

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