Saída de Guido Mantega recuperará a credibilidade da política econômica, afirma deputado do PPS

Cartão vermelho – O deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) disse, no domingo (25), que a credibilidade da equipe econômica, abalada pela situação de descontrole da inflação, de dubiedade na condução da economia e por seguidas revisões do PIB, só deverá ser recuperada com a mudança de comando no Ministério da Fazenda, ou seja, com a demissão de Guido Mantega.

“Mas do que problema de gestão, estamos vivendo algo mais profundo que é a falta de credibilidade da equipe econômica, particularmente do ministro Guido Mantega. Não vejo possibilidade de o governo inverter essa situação, pela percepção que tem o mercado e sociedade do descontrole da política econômica e da dubiedade da sua condução, senão mudar o comando do Ministério da Fazenda”, analisou.

Para Jardim, a mudança de comando poderia abrir espaço para a discussão de novas propostas, “porque o ciclo de medidas pontuais adotadas até agora, com a credibilidade [da equipe econômica] em xeque, já mostrou que o problema não se resolveu”, alertou.

O parlamentar disse que a desconfiança nos rumos da política econômica se agravou ainda mais na semana passada quando Mantega apresentou, pela sexta vez consecutiva, outra previsão de crescimento e de inflação. “O ministro tem apresentado previsões para o PIB que não se concretizam. No decorrer do ano, depois de indicadores evidentes de que a meta não será atingida, muda sua retórica ufanista para reconhecer a realidade do baixo crescimento”, criticou.

Em sua avaliação, a crise de credibilidade não será superada apenas com a readequação da política econômica. “É preciso mudar os operadores. Mantega já não tem mais condições para estar à frente dessa mudança”, reafirmou.

De acordo com Jardim, a condução da economia pelo governo também se reflete na forma como mundo está olhando para o país. “Tivemos a saída de investidores, principalmente da bolsa, queda de ações e um conjunto de sinais de restrição de investimentos, de revisão de projetos de médio e longo prazos por causa das incertezas da nossa política econômica”, observou o deputado.

Instabilidade

Arnaldo Jardim disse que o clima de instabilidade na economia foi provocado, em grande parte, porque o governo afrouxou as principais condicionantes macroeconômicas – combate prioritário à inflação, superávit primário e câmbio flutuante -, que foram responsáveis pelo período de prosperidade do país.

Segundo o vice-líder do PPS, os fundamentos macroeconômicos oscilaram e geraram um clima de instabilidade quando governo usou a política de juros como referencial e depois alterou a questão cambial. “Durante muito tempo, o real ficou sobrevalorizado e agora vivemos as agruras do sobressalto do câmbio, que poderá refletir diretamente no resultado inflação”, argumentou.

“Leniente”

Arnaldo Jardim disse ainda que o governo foi “leniente” quando surgiram os primeiros sinais de descontrole da inflação e agora tem dificuldades para mantê-la no teto de 6,5%. “Há uma série de erros que colocou em xeque os fundamentos macroeconômicos que garantiram a estabilidade a partir do governo FHC e que foram mantidos com o incremento do consumo durante o governo Lula”, afirmou.