Temer diz que afastará apenas os denunciados na Lava-Jato, mas é pouco diante da onda de imoralidade

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Há um discurso nebuloso por parte dos palacianos em relação à Operação Lava-Jato e os envolvidos no maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão. Todos sabem que avança de forma pontual e quase disfarçada um movimento para “engessar” a Operação Lava-Jato, situação que fica evidente com a movimentação do governo e dos políticos como um todo.

Depois de ser alvo de uma enxurrada de críticas por causa da nomeação de Wellington Moreira Franco (PMDB-RJ) para o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, o que confere ao peemedebista o chamado foro privilegiado, o presidente da República rompeu esta segunda-feira (13) com um discurso evasivo, como se a opinião pública fosse desprovida de capacidade de raciocínio.

Em rápido discurso no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer disse que serão afastados temporariamente do governo os ministros denunciados no âmbito da Operação Lava-Jato. No caso dos que colaboradores que tornarem-se réus em ações penais, o afastamento será em caráter definitivo. Temer é um político experiente e sabe como funciona a política no Brasil: sempre à base de muito dinheiro, na maioria das vezes de origem duvidosa e criminosa.

“Se houver denúncia, o ministro que estiver denunciado será afastado provisoriamente. Faço essa declaração para dizer que o governo não quer blindar ninguém, nem vai blindar. Apenas não vai aceitar que a simples menção inauguradora seja uma condenação definitiva, pois, se acolhida a denúncia, e aí sim o ministro se transforma em réu, o afastamento é definitivo”, disse o presidente.

Diante dos jornalistas que cobrem o cotidiano do Palácio do Planalto, Temer, sem citar nomes, tentou neutralizar as críticas decorrentes da nomeação de Moreira Franco que foi citado várias vezes em delações de executivos da Odebrecht. “Faço questão de enfatizar em letras maiúsculas que não há nenhuma tentativa de blindagem, a questão é muito séria. Se alguém se converter em réu estará afastado”, declarou o presidente.

A fala de Michel Temer foi direcionada, quando na verdade o presidente deveria ter declarado que qualquer integrante do governo envolvido em ilícito, mesmo que não seja réu em ação penal, será afastado temporariamente, até que os fatos sejam esclarecidos. Assim como Pompeia Sula, a segunda esposa do imperador romano Julio César, ao governo Temer não basta ser honesto, mas parecer como tal. E com a enxurrada de alarifes profissionais que o integram, querer tapar o sol com a peneira é perder tempo.


Hacker versus primeira-dama

Questionado sobre a censura imposta pela Justiça aos jornais “Folha de S. Paulo” e “O Globo” por conta de reportagens sobre as ameaças feitas por hacker à primeira-dama Marcela Temer, o presidente negou o fato. Irritado, respondeu aos jornalistas: “Não houve isso, você sabe que não houve”.

Ora, se a própria Justiça levantou o sigilo da respectiva ação, não havia necessidade de censurar os dois jornais por causa de matérias sobre o tema. A irritação do presidente por certo é fruto de trecho das matérias que mencionam uma troca de mensagens entre Marcela Temer e o hacker Silvonei de Jesus Souza (preso e condenado), na qual o criminoso afirma ter informações suficientes para jogar o nome do presidente na lama. Trata-se de uma troca de mensagens entre Marcela e supostamente um irmão, em que ela afirma que o marido tem um marqueteiro que faz o serviço sujo.

Não é novidade para quem acompanha a política nacional e campanhas eleitorais a existência de profissionais (sic) que cuidam do serviço sujo dos candidatos. O mais estranho nesse imbróglio é que a tal conversa entre Marcela e o criminoso cibernético resultou em uma condenação meteórica, algo inédito na Justiça nacional.

Na sentença em que a juíza Eliana Cassales Tosi de Mello condena o hacker, há evidencias de que a chantagem não tivesse ligação apenas com supostas fotos íntimas da primeira-dama, mas com informações sobre atuação mais explícita de Temer para tomar o lugar de Dilma Rousseff.

Em 16 de abril, um dia antes de a Câmara abrir o processo de cassação da petista, Silvonei Souza contata Marcela e afirma que ainda poderia recuperar seus os dados antes do impeachment, mediante pagamento em dinheiro (o valor pedido à época foi de R$ 300 mil).

Em troca de mensagens pelo aplicativo Whatsapp, o hacker escreveu: “Instalei um antivírus e quando reiniciou o meu PC la (sic) estava a pasta com suas fotos vídeos e arquivos pessoais”.

E o criminoso prossegue: “Pois bem como achei que esse vide-o (sic) joga o nome de vosso marido na lama, quando você disse q ele tem um marqueteiro q faz a parte baixo nível… pensei em ganhar algum com isso! Tenho uma lista de repórteres que oferecem 100 mil cada pelo material que somente comentei por texto.. o que tem no vídeo”.

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