Tentando acalmar parlamentares diante da crise político-econômica, Dilma libera R$ 1 bi em emendas

dilma-em-altaForçando a barra – O governo autorizou a liberação de cerca de R$ 1 bilhão referente a restos a pagar de emendas parlamentares de 2014 e anos anteriores. A primeira liberação de recursos a parlamentares em 2015, às vésperas do fim do recesso parlamentar, é uma tentativa do governo de acalmar deputados e senadores em meio às crises política e econômica, que devem piorar neste segundo semestre.

Vale ressaltar que haverá prioridade aos pagamentos de emendas para compra de máquinas e equipamentos, porém as verbas para gastos com obras também serão contempladas. “Não tem nenhum milagre. O que tem, pura e simplesmente, é que o governo está cumprindo a Lei Orçamentária. A nossa esperança é que a base do governo se solidifique mais”, afirmou o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), que atua diretamente na articulação política do governo. “Queremos mostrar que, no embate político, temos que unir forças”, ressaltou.

Um líder partidário revelou ter recebido telefonema do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), para comunicar a liberação de emendas.

Durante o recesso parlamentar, deputados demonstraram indignação com a dificuldade em obter as verbas do orçamento. Eles dizem estar sendo pressionados por prefeitos em suas bases eleitorais que, às vésperas das eleições, não têm recursos para executar as obras.

Por outro lado, visando atender à demanda nos Estados, a presidente Dilma Rousseff reúne nesta quinta-feira, em Brasília, os 27 governadores em busca de ajuda para evitar a aprovação de gastos extras previstos em projetos do Congresso, a chamada “pauta-bomba” de despesas para a União, Estados e municípios.

Mesmo enfrentando uma grave crise, a petista também tentará dar um tom menos pessimista sobre o futuro da economia. Os ministros da área econômica devem apresentar dados mostrando que a economia pode começar a reagir já no fim de 2015 e, apesar das dificuldades, há uma luz no fim do túnel.

Na reunião de coordenação política, na segunda-feira, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, apresentou a seus colegas da área política dados mostrando que há indícios de uma reação e uma recuperação real já em 2016. Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou, ao sair de uma reunião com empresários, que há sinais de boas notícias, como uma leve recuperação das exportações.

Dilma quer que os dois ministros façam a mesma apresentação aos governadores. A intenção é angariar apoio às medidas que estão sendo tomadas para tentar recuperar a economia e a imagem da própria presidente, em uma tentativa de mostrar que há um projeto de governo e que Dilma é a garantia da solução para a crise econômica.

A presidente, inclusive, quer mostrar os caminhos que o governo está traçando para sair da crise, que há viabilidade política nas suas propostas e que todos podem se beneficiar deles, desde que mobilizem suas bancadas para aprovar projetos importantes na recuperação da economia e na repatriação de recursos.

Segundo o Planalto, todos os governadores confirmaram presença na reunião desta quinta, inclusive os de oposição – apenas no caso de Mato Grosso do Sul deve vir a vice, Rose Modesto (PSDB). Há, também um movimento, mesmo entre os tucanos, de ajudar o governo na tentativa de barrar novos gastos no Congresso para evitar um efeito cascata nos Estados – entre elas, a possibilidade de derrubada do veto ao reajuste do Poder Judiciário, que podia chegar a 78%.

Dilma deve pedir a cooperação dos governadores, por exemplo, para barrar o projeto que altera a correção do FGTS e o equipara à correção da poupança – uma das propostas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) -, que está rompido com o governo.

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