Trump, o “homem laranja”, amarelou em discurso no Congresso e moderou fala sobre imigração

No aguardado primeiro discurso ao Congresso norte-americano, o presidente Donald Trump defendeu, na terça-feira (28), uma reforma de imigração “verdadeira e positiva”, baseada no “mérito”.

Trump moderou a própria fala porque percebeu que insistir na fanfarronice levaria ao rés do chão sua atabalhoada administração, que no primeiro mês foi marcada por exibicionismo explícito e ignorância superlativa.

Horas antes de falar aos congressistas, Donald anunciara aos jornalistas sua disposição de promover uma reforma na legislação migratória com o objetivo de legalizar a situação de milhões de imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos e que não cometeram crimes graves. Trata-se de uma mudança radical no discurso de alguém que, precisando cumprir as absurdas promessas de campanha, vinha tratando o tema como um indigente intelectual. Derrotado na Justiça em várias instâncias, Trump decidiu recuar, antes que fosse tarde.

Contudo, no discurso o presidente estadunidense não mencionou sobre a proposta de conceder aos imigrantes ilegais status que permita trabalhar e pagar impostos sem o temor da deportação – que não incluiria a cidadania norte-americana.

Dos 11 milhões de estrangeiros que vivem irregularmente nos EUA, aproximadamente 820 mil foram condenados por algum tipo crime. Dentro desse universo, apenas 300 mil cometeram algum crime considerado grave, como homicídio ou estupro. Na última semana, Departamento de Segurança Doméstica editou novas regras, entre as quais a que dá prioridade à deportação de imigrantes ilegais que tenham cometido qualquer tipo de crime.

“Estamos removendo membros de gangues, traficantes e criminosos que ameaçam nossas comunidades”, disse Trump, que ao evento no Congresso levou como convidados familiares de vítimas de crimes cometidos por imigrantes ilegais.


Sempre ciclotímico, até porque seu governo é uma gangorra, Trump preferiu ressaltar a experiência de outros países, como Canadá e Austrália, que, segundo o próprio presidente norte-americano, adotam o sistema de mérito na imigração.

“A mudança deste sistema atual de imigração menos qualificada para um sistema baseado no mérito terá muitos benefícios: economizará muitos dólares, aumentará os salários dos trabalhadores e ajudará as famílias em dificuldade – incluindo as famílias de imigrantes – a entrar para a classe média”, disse Trump.

O presidente dos EUA voltou a defender a construção de um muro na fronteira com o México, que , segundo ele, trata-se de “eficiente arma contra as drogas e o crime”. Trump deveria combater o tráfico dentro do território norte-americano, algo que acontece de maneira falha. Quem conhece os EUA sabe como funciona o tráfico de entorpecentes no país, inclusive com a participação de algumas autoridades no esquema criminoso.

Ciente de que manter o bufanismo na Casa Branca é uma receita suicida, Trump pediu a união do país, o que dificilmente acontecerá se sua administração insistir no radicalismo colérico. O discurso do presidente aos congressistas certamente não teve pitadas do estrategista Stephen Bannon, um extremista de direita que vem incendiando o governo com suas ideias canhestras e segregacionistas.

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