Vaticano reconhece neste sábado o Estado palestino e preocupa os israelenses

(Vincenzo Pinto - AFP)
(Vincenzo Pinto – AFP)
Caminho da paz – Na última quarta-feira (13), o Vaticano anunciou um acordo com “o Estado da Palestina” no qual a solução de “dois Estados” para o conflito com Israel é apoiada e anunciou que pode ajudar no reconhecimento de uma Palestina “independente”.

A decisão deve ser bem recebida pela maior parte dos palestinos, porém causa grande preocupação ao governo israelense. Israel tem se mostrado cada vez mais preocupado com a aceitação internacional da Palestina como um Estado desde que a ONU a declarou, em 2012, um Estado observador não-membro. Na época, o então presidente de Israel, Shimon Peres, o papa Francisco e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, se encontraram na Cidade do Vaticano. Após o encontro, vários países europeus também já reconheceram o Estado Palestino.

O acordo, que deve ser assinado em breve, fala sobre “aspectos essenciais da vida e da atividade da Igreja Católica na Palestina”, de acordo com o comunicado da Santa Sé, que garantiu que o texto será submetido antes às respectivas autoridades.

Antoine Camilleri, subsecretário do Vaticano para as Relações com os Estados, afirmou ao jornal “L’Osservatore Romano” que “seria positivo” que o acordo “pudesse ajudar” a “estabelecer e reconhecer um Estado Independente da Palestina, soberano e democrático”.

O anúncio do acordo coincidiu com a confirmação de que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, será recebido em audiência pelo papa Francisco neste sábado (16), na véspera da canonização de duas freiras nascidas em território palestino antes da criação do Estado de Israel.

O subsecretário ainda revelou que no texto do acordo é expresso “o auspício de uma solução da questão palestina e do conflito entre israelenses e palestinos no âmbito da solução de dois Estados”, em declarações ao órgão oficial vaticano.

“Segue um segundo e importante capítulo sobre a liberdade religiosa e de consciência” e há outros sobre “diversos aspectos da vida da Igreja nos territórios palestinos”, ressaltou.

Camilleri foi indagado sobre se o documento poderia ter repercussões no âmbito político, no que respondeu que “embora de modo indireto, seria positivo que o acordo alcançado pudesse de alguma maneira ajudar os palestinos a ver estabelecido e reconhecido um Estado Independente, soberano e democrático que viva em paz e segurança com Israel e seus vizinhos”.

No mais, sobre o acordo alcançado, de acordo com Camilleri, este poderia servir para “encorajar de algum modo a comunidade internacional, em particular as partes mais diretamente envolvidas, a empreender uma ação mais decisiva para contribuir para alcançar uma paz duradoura e para solução dos dois Estados”.

“Esta seria uma bela contribuição para paz e estabilidade em uma região que há tanto tempo esteve assolada por conflitos, e por parte da Santa Sé e da Igreja local desejamos colaborar em um caminho de diálogo e de paz”, acrescentou.

De acordo com o alto funcionário, o acordo entre o Vaticano e o Estado palestino é “fruto do acordo de base entre a Santa Sé e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) assinado em 15 de fevereiro de 2000” e precisou que as relações oficiais entre ambas as partes se estabelecessem em 26 de outubro de 1994.

As negociações foram retomadas após 2010 e tiveram como consequência o acordo anunciado, “que tem como propósito completar o (acordo) assinado em 2000”, ressaltou.

Camilleri explicou ainda os antecedentes deste acordo de hoje e, perguntado pela diferença entre o assinado em 2000 com a OLP e este com o “Estado da Palestina”, ele se referiu à adoção, em 29 de novembro de 2012, da resolução das Nações Unidas que reconheceu a Palestina como Estado observador não-membro.

“No mesmo dia a Santa Sé, que também tem o estatuto de observador na ONU, publicou uma declaração”, lembrou Camilleri, que fazia referência sobre a solução dos “dois Estados”. O Vaticano expressou seu apoio a essa via de solução para o conflito entre os palestinos e Israel. (Por Danielle Cabral Távora)

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