Venezuela: polícia reprime com violência protesto a favor do afastamento de juízes do Supremo

(M. Bello – Reuters)

A polícia venezuelana lançou gás lacrimogêneo, balas de borracha, jatos d’água e spray de pimenta contra manifestantes que protestaram nesta terça-feira (4), em Caracas, para exigir o afastamento dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça. O protesto foi convocado pela oposição em resposta à tentativa da Corte de assumir os poderes do Legislativo.

Milhares de manifestantes pretendiam marchar da Praça Venezuela, no leste da cidade, em direção ao Parlamento, onde uma sessão era realizada para tentar destituir os magistrados do Supremo Tribunal. Os confrontos começaram após as autoridades fecharem as estações de metrô e os pontos de acesso ao local de partida da marcha.

O prefeito do município de Chacao, Ramón Muchacho, afirmou que nove pessoas ficaram feridas no confronto. Deputados opositores denunciaram a ação de grupos armados que teriam disparado contra manifestantes, depois que a polícia desviou a marcha de sua rota original.

O deputado Tomás Guanipa, do partido Primeiro Justiça (PJ), e Lilian Tintori, esposa do político opositor preso Leopoldo López, relataram no Twitter que, enquanto caminhavam pela estrada Francisco Fajardo, que conecta o leste e o oeste de Caracas, foram atacados por pessoas armadas.


A polícia tentou também impedir a imprensa de cobrir o protesto. Embora os opositores, através de diferentes vias, não tenham conseguido passar pelos cordões de segurança policiais, estes se espalharam em várias direções e asseguraram que buscarão todas as ruas para chegar a seu destino no parlamento.

Protestos contra o Supremo Tribunal de Justiça ocorrem em várias cidades do país. Segundo emissoras de rádio locais, grupos ligados ao presidente Nicolás Maduro também iniciaram uma marcha até a sede da Defensoria do Povo em apoio ao governo e aos magistrados.

Na última quarta-feira (29), o Supremo Tribunal de Justiça, dominado pelo chavismo, decidiu assumir as funções da Assembleia Nacional, alegando persistência do “desacato”, um status que o poder impôs ao Legislativo pelo descumprimento de várias sentenças.

O golpe institucional foi condenado internacionalmente e denunciado pela oposição como a confirmação de que o país, em grave crise econômica e com o governo Maduro acuado, estaria vivendo uma ditadura. Em meio à pressão, o presidente venezuelano pediu a revisão da decisão e o Supremo revogou a medida. (Com agências internacionais)

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