Vereadores de SP ignoram a crise, zombam dos eleitores e aumentam em 26,3% os próprios salários

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Com dois anos seguidos de recessão e possivelmente a caminho de um terceiro, o Brasil enfrenta a mais grave crise econômica de sua história, com inflação alta, desemprego, taxas de juro elevadas, endividamento recorde e inadimplência nas alturas. Precisando cada vez mais de um ajuste fiscal rígido, o que exige corte de gastos por parte do Estado como um todo, o País dificilmente ficará livre desse calvário no curto prazo.

Contrariando o cenário atual, os vereadores da maior cidade brasileira, São Paulo, aprovaram nesta terça-feira (20) o que os munícipes chamaram de vergonha: aumento salarial. Por 30 votos a 11, os vereadores paulistanos aumentaram em 26,3% os próprios salários, valor que passa valer a partir de 1º de janeiro de 2017.

A aprovação do reajuste salarial dos vereadores contrariou o prefeito eleito João Doria (PSDB) e já considerado o primeiro ato de desobediência da chamada base aliada. O que mostra que a política brasileira precisa de uma faxina impiedosa e profunda.

O processo de aprovação da matéria durou menos de cinco minutos e foi marcado por protestos de populares que lotavam as galerias da Câmara Municipal de São Paulo.


Na última semana, os vereadores tentaram aprovar o aumento em segunda votação, mas o plano fracassou por falta de quorum. Nesta terça-feira, votaram contra o aumento salarial os seguintes representantes do povo: Toninho Véspoli (PSOL), Ricardo Nunes (PMDB), Mario Covas Neto (PSDB), Patrícia Bezerra (PSDB), Aurélio Miguel (PR), Gilberto Natalini (PV), Aurélio Nomura (PSDB), José Police Neto (PSD), Ota (PSB), Andrea Matarazzo (PSDB) e Salomão Pereira (PSDB).

Com a aprovação do reajuste, os salários dos vereadores passarão dos atuais R$ 15.031,76 para R$ 18.991,68, valor equivalente a 75% dos salários dos deputados estaduais, remuneração máxima permitida pela Constituição Federal.

Os vereadores que votaram a favor da matéria alegaram que o último reajuste salarial ocorreu há quatro anos, mas nada justifica mais um deboche da classe política, que não se importa com a opinião pública, exceto em períodos eleitorais.

Além do salário de quase R$ 19 mil, os vereadores continuarão contando com verba de R$ 140 mil mensais para a contratação de assessores e um valor anual de R$ 265 mil para despesas do mandato. Ou seja, mais um escárnio cuja conta acabará no bolso do contribuinte.

Se os eleitores paulistanos não fossem desavergonhados, a essa altura a Câmara Municipal já estaria cercada. Porém, como o Brasil transformou-se no endereço do “faz de conta”, dentro de alguns dias esse absurdo terá desaparecido da memória do cidadão.

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