Vitória de Doria em SP leva Aécio a defender prévias no PSDB para escolher candidato à Presidência

aecio_neves_1009

Ainda sem mostrar a que veio, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), estava confiante, até domingo (2), que sua candidatura à ao Palácio do Planalto era ponto pacífico na cúpula do partido, que vive um eterno racha desde a fundação.

Pífio em seu papel de líder da oposição ao desgoverno da ex-presidente Dilma Rousseff, o senador mineiro mudou de ideia em relação à candidatura à Presidência depois da vitória de João Doria, em primeiro turno, na disputa pela prefeitura da cidade de São Paulo.

Doria não apenas venceu a eleição à prefeitura da capital paulista, mas de quebra cumpriu duas tarefas distintas. A primeira foi que seu triunfo serviu de recado à classe política, que ainda não percebeu a fadiga do eleitorado diante dos alarifes com mandato. A segunda foi ter turbinado o cacife do governador Geraldo Alckmin (SP), seu padrinho político, como presidenciável do partido.

É difícil medir a participação de Alckmin na vitória do prefeito eleito, mas é certo que não é desprezível. Afinal, o governador não apenas enfrentou boa parte do tucanato local, como lideranças históricas dentro da legenda, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e o próprio Aécio.

Diante do novo cenário que surgiu na esteira da eleição de João Doria, a situação de Alckmin como presidenciável mudou bastante nas últimas horas. Não se trata de afirmar que a questão está decidida, mas o governador é, por enquanto, o que mais mercadoria tem para colocar sobre a mesa quando o assunto vier à baila.


Contudo, Aécio não fica atrás. Seu candidato à prefeitura de Belo Horizonte, João Leite, passou ao segundo turno e tem chances de vencer a disputa. O que daria ao senador uma quase paridade de armas em relação ao governador paulista.

O detalhe nesse jogo está na capacidade de realização de cada um dos atores. Geraldo Alckmin tem em Doria um aliado de primeira hora. E ajudará o prefeito eleito para mostrar serviço na capital e recuperar o prestígio perdido nos últimos dois anos. Como adicional, Alckmin deu-se muito bem nas eleições municipais em importantes cidades paulistas.

Se Doria acertar a mão, o governador dará um bom passo na disputa interna do PSDB. Sem contar que o presidente Michel Temer tem interesse em apoiar Doria e ver seu nome decolar como candidato em 2018.

O mesmo pode se repetir com Aécio, mas com menos chance de sucesso. Isso porque Minas Gerais está sob a batuta do governador petista Fernando Pimentel, que fará o impossível para atrapalhar a gestão do adversário político. É uma questão de briga partidária, recheada de ódio e rancores.

Muitos podem afirmar que pouco mudou no cenário da candidatura do PSDB para 2018, mas não é essa avaliação mais correta. Afinal, ao afirmar que o partido deve realizar uma prévia para decidir quem será o candidato ao Palácio do Planalto, Aécio Neves reconhece que Alckmin soube jogar, mesmo enfrentando índices de aprovação não tão empolgantes como antes.

apoio_04