Vitória de Rodrigo Maia foi folgada, mas custou ao governo muito mais do que pensam os brasileiros

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O triunfo de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados foi tranquilo, não se pode negar, mas esse resultado só foi possível porque, mesmo negando até os últimos instantes, o Palácio do Planalto jogou pesado nos bastidores.

Somadas as bancadas dos treze partidos que formaram o bloco de apoio a Maia, o número de deputados chega a 359, mas o presidente da Câmara foi reconduzido ao cargo por 293 votos. Ou seja, 66 deputados não votaram no democrata. Esse detalhe não invalida a vitória, mas é preciso avaliar as consequências dessa dissidência, que, mais adiante, poderá causar problemas ao governo.

Alguns analistas políticos exaltaram o triunfo de Rodrigo Maia por ele ser alinhado em termos ideológicos ao Palácio do Planalto, mas não se pode fechar os olhos para a realidade. Ideologias à parte, o Congresso Nacional, para a infelicidade da nação, é movido pelo fisiologismo, o que transforma o Parlamento em balcão de negócios. E o “toma lá, dá cá” há de continuar até que a sociedade decida promover uma assepsia na política.


Os tais analistas afirmaram que a dissidência ajudou o presidente Michel Temer a “comprar” a vitória de Maia com um viés de baixa. Diferentemente do que pensam esses senhores da verdade, o escambo foi tão escandaloso quanto deprimente, além de antecipado. Como noticiou o UCHO.INFO, um dos integrantes do bloco de apoio a Rodrigo Maia confirmou que o Planalto distribuiu aos “aliados”, com dose de largueza, cargos na estrutura do governo.

Dias antes de assumir a Presidência da República, ainda como interino, Michel Temer prometeu aos brasileiros formar uma equipe ministerial de notáveis, o que ainda não aconteceu. No primeiro momento, Temer precisava de apoio no Congresso para que o impeachment de Dilma Rousseff, por isso loteou o governo entre conhecidas e canhestras figuras políticas.

Confirmado no cargo como efetivo, Michel perdeu a oportunidade de cumprir o que prometera. Situação igualmente compreensível, mas ao mesmo inaceitável, pois os destinos do País continuam nas mãos das “velhas raposas” de sempre.

Muito distante do que imaginam os especialistas em política do Congresso, nos bastidores a negociação em torno da candidatura de Rodrigo Maia foi bruta e desleal. Para garantir apoio de determinado partido à candidatura de Rodrigo Maia, o presidente da República foi obrigado a concordar em manter no cargo um destacado ministro que já estava na fila da degola palaciana.

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