O repentino “bom-mocismo” dos petistas parece desconexo, pois há fatos parecidos que não foram tratados com a mesma intransigência. Antes de assumir o poder, em janeiro de 2003, Lula da Silva convidou Henrique Meirelles, um tucano de carteirinha, para assumir o comando do Banco Central, onde permaneceu durante oito anos. À época, Meirelles se eleger deputado federal pelo PSDB de Goiás e certamente, em 2002, votou em José Serra. Naquela ocasião, a então senadora Heloísa Helena, ainda no PT, protestou contra a indicação de Henrique Meirelles e acabou fora do partido. Como se fosse pouco, o governo do PT flanou no sucesso do Plano Real, criado por Fernando Henrique Cardoso e implantado pelo falecido Itamar Franco.
Um pouco mais distante na linha do tempo, Dilma Vana Rousseff sempre tratou com desdém os integrantes do PT. Filiada ao PDT, por obra e graça do finado Leonel de Moura Brizola, Dilma fazia as vezes de dona de casa enquanto esteve casada com Carlos Araújo, que à época era deputado estadual no Rio Grande do Sul. Nos regabofes que o marido oferecia em casa aos companheiros de Assembleia, na capital Porto Alegre, Dilma Rousseff sempre palpitava nas discussões políticas do grupo. E era comum ouvi-la usar a expressão “essa gente” para se referir aos petistas. De uns alguns anos para cá, os petistas preferiram esquecer o passado e cuidar dos próprios interesses, adulando Dilma Rousseff de maneira asquerosa.
Nove entre cada dez brasileiros sabem da dificuldade que é cobrar coerência no mundo político, mas é preciso que a sociedade reaja de maneira rápida e firme, pois do contrário o Brasil estará fadado à “cubanização”, processo que caminha a passos constantes e silenciosos.