Cachorro grande –
Pode custar caro ao governo a decisão do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, de interferir diretamente na eleição do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Lupi passou uma rasteira nas representações patronais ao combinar com as confederações de trabalhadores a eleição de Luigi Nesse, da recém-criada Confederação Nacional de Serviços (CNS).
A manipulação política quebrou o rodízio que era feito a cada dois anos para a presidência do FAT. A manobra criou um clima político desagradável, e poderá rebelar a bancada ruralista no Congresso Nacional, já que a vez de presidir o FAT era da Confederação Nacional da Agricultura. Estava indicado Fernando Antonio, professor da Unicampo, a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Agronomia.
A interferência do ministro provocou a renúncia coletiva de quatro representantes da Confederação Nacional da Indústria, da Confederação Nacional do Comércio, do Sistema Financeiro e da CNA. Lupi mandou avisar pela sua assessoria nesta quarta-feira que não vai mais se pronunciar mais sobre a polêmica. Em entrevista concedida na última terça, garantiu: “não trabalhei para ninguém”.
O Fundo de Amparo do Trabalhador é a menina dos olhos dos sindicalistas, pois seu orçamento é de quase R$ 30 bilhões. Apenas para treinamento de mão de obra e financiamento de projeto estão previstos R$ 23,4 bilhões, somente para este ano. O FAT tem patrimônio calculado em R$ 158,3 bilhões. Em nota distribuída ontem, os representantes patronais acusaram o ministro de “reencarnar” o peleguismo sindical. Para complicar ainda mais, a criação da CNS está sendo questionada na justiça.