Minuto de silêncio –
Fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns morreu aos 75 anos, vítima do terremoto que alvejou o Haiti, onde participava de uma missão humanitária. No momento do sismo, Dona Zilda, como era conhecida, estava em uma igreja da capital haitiana ministrando palestra para 150 pessoas. Ao longo da quarta-feira (13), muitos foram os políticos e autoridades que lamentaram a morte dessa brava brasileira, que levou a Pastoral da Crianças para mais de 4 mil cidades do Brasil e outros vinte países. Confira abaixo algumas das manifestações.
“Acabo de ouvir a emocionante notícia de que minha caríssima irmã Zilda Arns Neumann sofreu com o bom povo do Haiti o efeito trágico do terremoto. Que nosso Deus em sua misericórdia acolha no céu aqueles que na terra lutaram pelas crianças e pelos desamparados. Não é hora de perder a esperança. Ela morreu de uma maneira muito bonita, morreu na causa que sempre acreditou.” (Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo e irmão de Zilda Arns)
“Profundamente consternado com a tragédia que atingiu o Haiti, ao qual nos sentimos vinculados fraternalmente em razão da presença da Força de Paz liderada pelo Brasil, transmito meu pesar e minha total solidariedade ao povo haitiano e à família das vítimas brasileiras, civis e militares, em especial à de Zilda Arns, coordenadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa e conselheira do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Que Deus dê conforto a todos nesse momento doloroso”. (Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República)
“O Brasil deve muito à Dra. Zilda Arns. Foi ela que mostrou como é possível, com a ajuda do trabalho voluntário, enfrentar os problemas sociais e reduzir o sofrimento dos mais pobres. Conseguimos baixar as taxas de mortalidade infantil, não apenas pela ação dos governos, mas pelo devotamento da Dra. Zilda e da Pastoral da Criança”. (Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República)
“Zilda Arns era uma mulher extraordinária. Movida pela fé cristã, conhecedora do espírito de solidariedade do nosso povo, simbolizava como ninguém o trabalho da Pastoral da Criança, com mais de 150 mil voluntários espalhados em mais de 3,4 mil municípios do Brasil, nas regiões mais pobres, atuando junto às famílias, às gestantes e às criancinhas. Quando ministro da Saúde, a Pastoral da Criança, e dona Zilda, foram nossos principais parceiros no combate à mortalidade infantil. Logo no início da minha gestão de quatro anos duplicamos os investimentos no trabalho por eles desenvolvido. A forte queda dessa mortalidade deve-se muito à ação da Pastoral. Por isso mesmo, em 2001 coordenei a proposta de outorga do Prêmio Nobel da Paz à dona Zilda, proposta essa que obteve grande apoio em todo o Brasil e no exterior. Como indivíduo, ninguém fez tanto em nosso país pela vida das crianças quanto Zilda Arns. Sua perda é dolorosa para todos nós. Para mim, foi-se uma amiga, muito querida.” (José Serra, governador de São Paulo)
“A morte de Zilda Arns, em plena ação missionária, no Haiti, tem a dimensão trágica e poética do artista que morre em cena. Dedicou toda a sua vida de médica sanitarista à causa dos desvalidos. Sacrificou a perspectiva de uma vida regular e confortável, que sua qualificação profissional lhe permitia, ao nobre ideal de submeter-se ao mandamento cristão de amar ao próximo como a si mesmo. Raras são as pessoas desse quilate espiritual, capazes de renúncias desse porte. Zilda Arns inclui-se numa seleta galeria de seres humanos integrais, em que figuram personagens como Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce. São pessoas que melhoram o mundo e seu tempo e impedem que o ser humano descreia de si mesmo. São beneméritas da humanidade, cuja biografia vale por um tratado de direitos humanos. Fui seu colega no Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e tive o privilégio de com ela conviver. Sua morte desfalca os que travam o bom combate, de que falava São Paulo, e enluta não apenas o Brasil, em que era peça-chave no desenvolvimento de políticas sociais, mas toda a América Latina, a que também estendia o manto de sua generosa ação humanitária.” (Cezar Britto, presidente do Conselho Federal da OAB)
“Com profundo pesar, lamento a morte de Zilda Arns, dos vários brasileiros e de todas as pessoas que perderam suas vidas na tragédia ocorrida no Haiti. Médica e idealizadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns foi uma grande humanista. Dedicou toda a sua vida ao próximo, contribuindo decisivamente para a redução da mortalidade infantil e das desigualdades sociais no Brasil. O seu trabalho e a sua dedicação à causa social, cuja importância lhe rendeu vários títulos internacionais e uma indicação para o Prêmio Nobel da Paz, permanecerão como exemplo para as futuras gerações de brasileiros.” (Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo)
“Lamento o episódio profundamente. O Brasil perdeu uma de suas mais expressivas figuras. Ela era um exemplo extraordinário de dedicação às crianças, aos pobres e às causas sociais. Era uma referência. Essa não é uma perda só para a família, mas para o Brasil inteiro. Sua morte enluta todo o país.” (José Sarney, presidente do Senado Federal)
“A trajetória desta médica catarinense que acolheu como missão de vida a saúde pública é exemplar para todos os brasileiros. A atuação desta grande mulher e grande sanitarista brasileira foi essencial para elevar a criança a uma condição prioritária dentro das políticas públicas brasileiras. Morreu em missão, como viveu toda a sua vida.” (José Gomes Temporão, ministro da Saúde)
“A morte de Zilda Arns deixa milhões de órfãos no Brasil. Não só os integrantes de sua família, mas também os muitos filhos adotados por ela em seu trabalho na Pastoral da Criança e na Pastoral do Idoso. Zilda Arns tornou-se sinônimo de doação em sua luta pelos mais carentes, em seu combate diuturno à mortalidade infantil e na busca pela melhoria da vida do povo.” (Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados)
“Não é que ela desejasse morrer desse modo, mas, estando acolhida agora na mão de Deus, terá aceitado. Ela morreu no posto de trabalho, no testemunho de sua vida.” (Geraldo Majella Agnelo, arcebispo primaz do Brasil)
“Na tragédia que atingiu o Haiti, perdemos, todos os brasileiros, uma das nossas mais importantes referências no campo social. E Minas, a sua mais generosa parceira. Os inúmeros exemplos que Doutora Zilda nos deixa – de solidariedade, de responsabilidade compartilhada e amor pelo Brasil – ficarão, no entanto, para sempre. Para nós, significam um verdadeiro legado capaz de iluminar o caminho do País na direção da justiça e equidade.” (Aécio Neves, governador de Minas Gerais)
“A morte surpreende sempre, mas no caso de Zilda Arns acresce à surpresa um grande sentimento de perda em face do seu trabalho, do seu compromisso com a vida, com a dignidade humana e com os valores éticos. Ela morreu ensinando e cumprindo sua missão.” (Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)
“Zilda era movida pelo seu imenso amor aos excluídos e dedicou-se a dar melhor qualidade de vida a milhões de crianças no Brasil e no mundo. Sua morte é uma perda imensa para todos aqueles que sonham com um Brasil verdadeiramente mais generoso e solidário.” (Sérgio Guerra, senador e presidente nacional do PSDB)
“Sob o impacto da tragédia que se abateu sobre o povo do Haiti, presto meu tributo especial aos militares brasileiros que tombaram no cumprimento da missão delegada, antes de tudo, pelo povo brasileiro: levar a solidariedade e o calor da nossa gente aos irmãos haitianos. Eles carregavam em seus corações um pouco do amor e da compaixão semeada por D. Zilda Arns, mulher exemplar que teve sua vida também ceifada neste triste acontecimento. D. Zilda, num sacerdócio que contagiou e mobilizou multidões, tinha em comum com os militares brasileiros da Missão de Paz da ONU, em seus últimos momentos, a voluntariedade na dedicação à tarefa. Ali, ninguém estava obrigado, mas movido pelo interesse no crescimento pessoal, trazido pelas novas experiências e, especialmente, pelo esforço solidário para tornar o mundo melhor e mais seguro para os seus semelhantes. Este é o grande legado que nos deixam esses homens e mulheres sacrificados pela missão no Haiti. E a eles prestamos as nossas homenagens.” (Nelson Jobim, ministro da Defesa)
“Há mortes verdadeiramente irreparáveis. O mundo perde uma mulher notável e o Paraná vê-se privado de uma parceira na luta em defesa da vida. Para nós, foi um privilégio trabalhar com Zilda Arns.” (Roberto Requião, governador do Paraná)