Caixa recheado –
A briga por espaços nos dois principais partidos de sustentação do futuro governo Dilma Rousseff (PT) não se resume aos cargos de ministros. A verdadeira briga do PT e do PMDB se desenrola pelo controle das empresas estatais, que respondem pela maioria dos investimentos do governo em obras estruturantes.
São 75 companhias estatais que teriam investido somente neste ano R$ 64,8 bilhões. Os recursos são essenciais para a visibilidade das ações de governo e dos seus gestores. Em resumo: dividendos político-eleitorais e a oportunidade de reforçar o caixa das futuras campanhas políticas.
O Ministério do Planejamento revelou na quarta-feira (1) que as estatais respondem por 68% do orçamento previstos que chegam a R$ 94,9 bilhões. Os investimentos das estatais também representam um crescimento real de 16% ante o mesmo período do ano passado, quando foram aplicados R$ 56 bilhões. É um recorde desde 1995, de acordo com o ministério.
Pela análise do “Contas Abertas” sobre o relatório do Planejamento, o setor de energia – incluídas programações do Grupo Petrobras e Eletrobrás -, foi o responsável pela maior parte das aplicações. Foram R$ 61,2 bilhões entre janeiro e outubro deste ano. As atividades do setor de energia estão vinculadas ao Ministério de Minas e Energia. Na contramão, as programações vinculadas ao Ministério do Transporte não desembolsaram um centavo até outubro deste ano.
Das 75 empresas que tiveram programação neste ano, 18 apresentaram, até outubro, desempenho superior à média geral de 68% de execução. As entidades Manutenção e Adequação da Infraestrutura Operacional do Estado de São Paulo (Ceagesp) e a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) chegaram a ultrapassar o total previsto no orçamento de investimentos, com o desembolso respectivo de 726% e 116% de seus orçamentos. As companhias aguardam a aprovação no Congresso Nacional de créditos adicionais para subsidiar as aplicações já realizadas.
Para o próximo ano, o governo federal estima investir R$ 107,5 bilhões apenas com os desembolsos das estatais. A cifra corresponde a quase 80% dos valores entre 2007 e 2009. Há ainda a previsão de que as aplicações em projetos de infraestrutura com recursos do orçamento federal batam a marca de R$ 52 bilhões. Se os números se concretizarem, o total de recursos disponíveis para investimentos no país chegará a R$ 159,6 bilhões; maior marca em pelo menos 15 anos.