Discursos desencontrados – Luiz Inácio da Silva e Guido Mantega, ministro da Fazenda, que continuará no cargo no novo governo, travam uma verdadeira batalha de opiniões. Há dias, Mantega anunciou que a partir de 1º de janeiro o governo da eleita Dilma Rousseff adotará um plano de ajuste fiscal como estratégia de enfrentar as dificuldades econômicas que se avizinham. O que significa que importantes obras do Programa de Aceleração do Crescimento ficariam comprometidas.
Inconformado com as declarações do seu ainda assessor ministerial, Lula da Silva surgiu diante de câmeras e microfones para garantir que nenhuma obra do PAC será paralisada e que o governo federal não cortará recursos para tais investimentos. Acontece que para embarcar de volta para casa, em São Bernardo do Campo, o presidente-metalúrgico tem pela frente apenas três escassas semanas.
Todos sabem Lula deseja voltar ao poder em 2014 e para tal precisa que as obras do PAC continuem avançando, mas não será com meros discursos que isso se resolverá. No balanço dos quatro anos do PAC, apresentado nesta quinta-feira (9), em Brasília, ficou-se sabendo que 40% das obras do pirotécnico programa não estão concluídas. O que reforça a tese de que o PAC serviu muito mais a interesses eleitoreiros do que às necessidades sempre prementes do País.
Esse cenário de disputa entre Lula e Mantega coloca na vitrine política o que pode acontecer dentro de algum tempo, quando Dilma Rousseff já estiver instalada no cargo mais importante da nação e tomar gosto pelo poder.Por mais que Lula tenha palpitado à vontade na composição da nova equipe ministerial, não está descartada a possibilidade de daqui alguns meses a neopetista Dilma ser obrigada a dar uma rasteira política no seu mentor eleitoral, pois a reeleição já bate às portas do pensamento da eleita. Basta ter paciência e aguardar, pois o espetáculo será digno de um Coliseu tropical.