Indicação de Ciro para Ministério é estratégia para esvaziar poder de Eduardo Campos

Bode na cristaleira – A reentrada do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) no cenário da política nacional é uma manobra para esvaziar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Liderança em ascensão, especialmente no Nordeste, o governador é o intermediário do partido na indicação de nomes para os ministérios da Integração Nacional e de Portos. Ciro aparece como uma manobra do núcleo duro do Partido dos Trabalhadores para esvaziar o governador e também a influência dos pessebistas junto à presidenta eleita Dilma “Lulita” Rousseff (PT).

Ciro Gomes pretendia concorrer à Presidência da República nas eleições de outubro, mas a idéia foi abortada por Eduardo Campos e pelo presidente-metalúrgico Lula da Silva. Agora, o deputado federal é lançado ministro. É uma espécie de bode na cristaleira, capaz de frear os ímpetos da cúpula do PSB.

O deputado federal, que contabiliza inimigos pelo seu jeito de ser, é cotado para assumir o Ministério da Integração Nacional. Campos queria o cargo para Fernando Bezerra Coelho, um velho colaborador e pernambucano de nascimento. Bezerra poderá ficar mesmo com a insignificante Secretaria Especial de Portos, que tem status de ministério.

Em Pernambuco é corrente a informação de que Ciro Gomes não integra o grupo do governador. Assim, a indicação de Ciro seria uma escolha pessoal de Dilma Rousseff. O PSB seria apenas uma “barriga de aluguel” para ratificar a nomeação. O jornalista Magno Martins lembra que, dentro do PSB, Ciro nunca aceitou ser subordinado a Eduardo Campos. Mais do que isso, não engole o fato de o governador ter ascendido fortemente no cenário nacional e gozar da intimidade com o presidente Lula.