Problema pela frente – No discurso de posse proferido no Congresso Nacional no último sábado, 1º de janeiro, Dilma Rousseff tratou do tema educação, mas o destaque ficou por conta do pré-sal, que a presidente classificou como “passaporte para o futuro”. Mas Dilma disse que essa condição só será alcançada se o petróleo das profundezas “produzir uma síntese equilibrada de avanço tecnológico, avanço social e cuidado ambiental”. Por mais que o pré-sal continue a rechear os ufanistas discursos palacianos, é sabido que uma nação só avança em todas direções positivas se houver investimento maciço na Educação.
Considerando que Dilma, que venceu nas urnas a reboque da promessa da continuidade, pretende expandir as conquistas alcançadas na era Lula, que esse movimento comece pela Educação, área que sob o comando do ministro Fernando Haddad – ele continua no cargo – contribui para um dos mais pífios capítulos da história brasileira.
Além dos fiascos que marcaram as provas do Enem, a falta de mão de obra qualificada no mercado de trabalho tem levado o Brasil a importar profissionais especializados. A própria Petrobras tem sofrido para contratar engenheiros para a operação do pré-sal.
Diferentemente do que acontece no sistema público de educação, a rede particular de ensino básica tem conquistado cada vês mais alunos. Pesquisadores, escolas particulares e o próprio Ministério da Educação enxergam nos números uma clara migração de alunos da rede pública para a privada, situação que ganhou força com a suposta melhoria da renda das classes C e D, que até então mandavam seus filhos para a rede pública.
De 2007 a 2010, as escolas particulares registraram um crescimento de 18% no número de alunos 18% e agora representam 15% das matrículas, o maior número de estudantes da década, de acordo com o Censo Escolar. No mesmo período, o sistema público encolheu 6%. Os dados abrangem desde o ensino infantil até o ensino médio. Movimento migratório idêntico foi constatado pelo IBGE, por meio da Pnad.
Desprezar as riquezas que decorrerão do petróleo do pré-sal seria um ato de irresponsabilidade, mas apostar as fichas no desenvolvimento social sem investir no futuro é jogar dinheiro pela janela.