(*) Genésio Araújo Júnior, da Agência Política Real –
Questões regionais – Fazia muitos anos que o mês de janeiro não era tão intenso e movimentado para o mundo político de Brasília como este primeiro mês do primeiro ano do Governo Dilma Rousseff. Unir a formação de um novo comando, mesmo de continuidade, e conduzir o processo de eleição de um novo comando no parlamento federal foi uma formulação efetivamente difícil e naturalmente pretensiosa, escreve o jornalista Genésio Araújo Júnior.
A política nacional saída das urnas do ano passado aponta que não se faz presidentes sem uma união entre o tambor nacional do Rio de Janeiro, a força de coração do Brasil, em Minas Gerais, e o pulsar onde nasceu o Brasil, com o Nordeste. Com isso não dá para negar a força de regiões e grupos que se justificam em torno dos “vencedores”. É natural e legítimo que questões regionais sejam levantadas, fazia anos que um chefe de Estado no Brasil não falava tantas vezes em desigualdades e desenvolvimento regional, como o fez Dilma Rousseff no primeiro de janeiro.
Com isso, é natural que a questão regional seja levantada, até em “teses” partidárias, onde o que está em supremacia são coisas bem dos políticos como “proporcionalidade” e outros jargões do “politiquês”. No processo para a eleição da nova mesa diretora da Câmara Federal esta questão regional não está em jogo.
As lideranças regionais nordestinas, em especial, não vêm problemas em votar num gaúcho sem um trabalho parlamentar de fôlego conhecido para ocupar o terceiro posto da República em meio a discussões decisivas para a região, como a legislação do pré-sal, que terá um veto em discussão, uma possível e “veritatis” reforma política, notadamente. É verdade que faz tempo que se sabe no Rio Grande do Sul, com a primeira crise do Mercosul, o que são desigualdades regionais – coisas que nós nordestinos sabemos muito bem.
No início da semana que vem, no Ceará, o governador do PSB, Cid Gomes, junto com o coordenador da bancada do Ceará, no Congresso, José Guimarães (PT), deverão anunciar apoio de 18 deputados da base para o deputado Marco Maia (PT-RS). Isto deverá ser um farol para a região, desmontando qualquer tipo de preconceito, invertido, contra o gaúcho que tem origem metalúrgica como Lula, tão querido no Nordeste.
Não sabemos, ainda, se Marco Maia é o melhor nome para conduzir a Câmara Federal e as possíveis reformas nos próximos 2 anos, mas uma coisa é certa, os nordestinos parecem convencidos de que não haverá um hiato regional que os desclassifique.