Novo aumento do minguado salário mínimo servirá apenas para uma cachaça e alguns pães

Miséria oficial – Diante da pressão exercida pelo PMDB, que ameaçou defender um valor maior para o salário mínimo caso não fosse atendido em suas reivindicações, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, seguindo ordens da presidente Dilma Rousseff, anunciou que a partir de fevereiro o salário mínimo passará a valer míseros R$ 545. Uma Medida Provisória editada no apagar das luzes do governo Lula fixou o novo valor do salário mínimo, que saltou de R$ 510 para R$ 540, em vigor desde o último dia 1º de janeiro.

Deputado federal e presidente da Força Sindical, o pedetista Paulo Pereira da Silva criticou, na última semana, o ministro Guido Mantega (Fazenda) ao afirmar que o “governo começa mal” por dificultar as negociações em torno do valor do novo salário mínimo. “Eu nem deveria falar isso, mas acho que o governo começa mal. Colocar o Mantega para falar com a gente não dá. O Mantega não tem jeito de falar com o trabalhador. Na época do Lula tinha o Luiz Dulci, antigo secretário-geral da Presidência, que vocês da imprensa não gostavam, mas ele resolvia”, declarou o parlamentar, que juntamente com outros sindicalistas buscava um encontro com Dilma Rousseff para tratar do assunto.

Considerando a inflação registrada em 2010, o aumento real do salário mínimo vigente (R$ 540) não passa de R$ 3. Indignado com a inflexibilidade do governo federal, Paulo Pereira da Silva não economizou criatividade ao mostrar seu descontentamento e disparou: “Não dá nem para tomar duas cachaças, quer dizer, não dá nem pra uma”. Deixando de lado o viés etílico que vez por outra fala mais alto no mundo sindicalista, o aumento do salário mínimo dá para muitíssimo pouco.

Em São Paulo, maior e mais rica cidade brasileira, o quilo do pãozinho já alcançou estratosféricos R$ 8,50 em alguns estabelecimentos comerciais. Um trabalhador que ousar comer dois pãezinhos por dia, sem qualquer recheio, terá de desembolsar ao final de um mês R$ 30. Aos amantes dos números, os míseros R$ 3 de aumento concedido por Lula da Silva ao salário mínimo permitirão ao trabalhador garantir o pão de apenas três dias.

Se o anúncio feito por Guido Mantega passar da promessa para o campo da realidade, então o trabalhador brasileiro terá garantido o pão de uma semana. E o restante do mês que seja entregue à própria sorte ou, então, colocado nas mãos do Criador, até porque dizem os mais otimistas que Deus é brasileiro. E se de fato for, Ele deve estar contrariado com essa turma que desembarcou no Planalto Central. Senhor, escutai as nossas preces!