Caindo feito um viaduto – Nascida na capital do Rio Grande do Sul, em 17 de março de 1945, Elis Regina Carvalho Costa morreu vítima de overdose de cocaína, álcool e tranquilizantes, em 19 de janeiro de 1982, fato que causou comoção nacional. Uma das mais completas cantoras da música popular brasileira de todos os tempos, Elis Regina, aos 36 anos, deixou órfã uma geração de brasileiros que ao seu lado combateu com coerência e convicção a ditadura militar.
No auge da truculência que infestava os porões da ditadura, e temendo a popularidade da cantora, os militares obrigaram Elis a cantar o Hino Nacional durante evento em um estádio de futebol. Elis Regina, a Pimentinha, jamais foi superada por qualquer outra cantora brasileira nessas quase três décadas de ausência.
Precoce, Elis Regina estreou no mundo da musica aos 14 anos, em um programa infantil de rádio, “O Clube do Guri”, na Rádio Farroupilha, em Porto Alegre. Aos dezesseis anos, a cantora lançou o seu primeiro LP.
Com o objetivo de esclarecer a polêmica sobre quem de fato descobriu o talento musical de Elis, certa vez o produtor Walter Silva, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, esclareceu definitivamente o assunto. “Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa, fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: Menina, você vai ser a maior cantora do Brasil”, declarou Silva ao matutino paulistano.
Em 1967, Elis casa-se com o músico Ronaldo Bôscoli, pai do seu primeiro filho, João Marcelo Bôscoli, que desde os primeiros passos profissionais se dedica à música. Com o pianista César Camargo Mariano, com quem casou-se anos depois, Elis Regina teve dois filhos. A cantora Maria Rita e Pedro Mariano, um dos grandes nomes da nova safra da MPB e que no vídeo abaixo interpreta de forma comovente “Se eu quiser falar com Deus”, um dos grandes sucessos de Elis.
Elis Regina, que certamente ainda revira a memória de milhares de brasileiros amantes da boa música, decidiu falar com Deus antes da hora. Quis a maior intérprete da música brasileira conferir de perto se as nuvens realmente formam o mata-borrão do céu. Apressada, Elis não conseguiu aproveitar a volta do irmão do Henfil.
Por aqui, na terra que ela tanto defendeu em suas canções, por certo “choram Marias e Clarices”.
Na verdade, “ainda chora a nossa pátria mãe gentil”!