Pane aérea – Quando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, destacou a caótica situação dos aeroportos brasileiros como preocupação maior da entidade em relação à Copa de 2014, o então presidente Luiz Inácio da Silva chamou de “idiotas” aqueles que duvidavam da capacidade de realização do governo federal. Foi um recado direto a Valcke.
Meses antes de desocupar o Palácio do Planalto, o messiânico Lula prometeu investimentos de R$ 5 bilhões para reformar e ampliar os principais aeroportos brasileiros, em especial os das cidades que receberão jogos da Copa. Assunto que foi efusivamente endossado por Dilma Rousseff durante a campanha presidencial. Desde o anúncio até agora, nada foi feito e nenhum centavo do dinheiro que foi prometido saiu dos cofres públicos. Ou seja, Jérôme Valcke estava com a razão, como ainda está.
Os problemas dos aeroportos brasileiros não se resumem à realização do mais importante e badalado certame futebolístico do planeta, mas também às questões internas, como, por exemplo, o excesso de demanda. O crédito fácil, que ajudou o governo de Lula da Silva a enfrentar as reticências da crise financeira internacional, aumentou de forma absurda o número de passageiros, sem que nenhum investimento para melhorar o setor aeroportuário tenha sido realizado até então. Por enquanto, o Palácio do Planalto prefere creditar a culpa às companhias aéreas, cada vez mais afetadas por uma falida infraestrutura do setor aéreo.
Para complicar desde já o enorme problema que amedronta o setor, a TAM, maior companhia aérea nacional, projeta para 2011 um crescimento da aviação civil brasileira entre 15% e 18%. Tais números apontam para uma desaceleração, se comparados com os dados de 2010, quando o desempenho do setor alcançou níveis recordes. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em 2010 a demanda por voos cresceu 23,4% no mercado doméstico e 20,3% nas rotas internacionais.
Recentemente, a presidente Dilma Rousseff, que recebeu do companheiro Lula uma herança carregada de maldições, anunciou a disposição do governo federal de entregar à iniciativa privada a operação de alguns dos principais aeroportos do País, mas até agora nada foi feito. Resumindo, a realização da Copa do Mundo de 2014 está desde já seriamente comprometida.