Retirada de crucifixo do gabinete presidencial pode ter sido desculpa de Dilma ou gatunagem de Lula

Mão leve – Luiz Inácio da Silva, o messiânico Lula, ganhou fama, e provavelmente dinheiro, desrespeitando as leis nos oito anos em que esteve no Palácio do Planalto. Nesse período vociferou ofensas diretas ou transversas ao antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, atingido pela peçonha petista em diversos flancos. Lula e a “companheirada”, em várias ocasiões, ressuscitaram, sem escrúpulo algum, a figura do “engavetador-geral da República”, referência chicaneira dos petistas a Geraldo Brindeiro, procurador geral da República durante a era FHC.

Na toada de fazer do conjunto de leis do país um estorvo em seu caminho, Lula tem se mostrado um especialista quando o assunto é engavetar. Ao arrepio do que manda o ordenamento jurídico da nação, o abusado Lula adotou um silencioso obsequioso no caso dos passaportes diplomáticos concedidos aos seus filhos e netos sob o manto esfarrapado da rubrica “interesse do país”. Luiz Inácio disse, em sua primeira declaração após desocupar o Planalto, que não falaria sobre o assunto, mas seus filhos, soberbos como sempre, ensaiaram a devolução dos malfadados passaportes. Dias depois do mentiroso anúncio, mudaram de ideia e passaram a torpedear a imprensa, repetindo ações anteriores, muitas delas com mensagens eletrônicas ameaçadoras disparadas por seus advogados àqueles que ousam desafiar da família do imperador da nossa querida e maltratada Botocúndia.

Engana-se quem pensa que a única virtude de Lula é engavetar escândalos a começar pelo dos passaportes diplomáticos. Outra de suas especialidades, ao que parece, é empacotar aquilo que não lhe pertence. Quando se instalou no Palácio do Planalto, com direito a faixa no peito e outros que tais, Dilma Rousseff se deparou com a primeira polêmica de seu governo. A retirada de um crucifixo e de um exemplar da Bíblia que decoravam o gabinete presidencial acabou nas manchetes dos jornais.


Rapidamente, para impedir que a imagem de anti-Cristo conquistada na campanha eleitoral voltasse à baila, a assessoria de imprensa palaciana esclareceu através de nota que o crucifixo pertencia ao ex-presidente Lula e que o exemplar da Bíblia continuava na Presidência.


Na ocasião do entrevero, a jornalista e agora ministra Helena Chagas, responsável pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, se apressou em esclarecer os fatos no microblog que mantém no Twitter. Afirmou Helena Chagas, como é possível conferir nas imagens abaixo, que “a peça é do ex-presidente Lula e que foi na mudança”. Em outra postagem, a ministra informa que o crucifixo é de origem portuguesa e foi presenteado a Lula por um amigo.



Pois bem, se a nota enviada pela assessoria de Dilma merece crédito, e a ministra Helena Chagas também – o ucho.info prefere acreditar que sim -, alguém precisa explicar o fato de o tal crucifixo estar em foto do então presidente Itamar Franco no mesmo gabinete presidencial. A mencionada imagem está disponível na rede mundial de computadores, que já serve de palco para uma campanha batizada como “Devolve, Lula!”.


Há nesse caso três hipóteses. A primeira delas, mencionada acima, é que Dilma Rousseff, que se viu em apuros com a comunidade cristã por ter defendido a legalização do aborto, não quer novamente entrar em rota de colisão com os seguidores do Cristianismo. E por conta disso usou a desculpa de que Lula teria levado o crucifixo como forma de justificar o sumiço da peça decorativa de seu gabinete.

A segunda hipótese é que Luiz Inácio da Silva pode ter se apropriado de um patrimônio público, o que, fosse ele um cidadão comum, já teria rendido um ruidoso inquérito policial. Se a suposta apropriação indébita de fato ocorreu, está explicado o tamanho da mudança do outrora primeiro-casal, que despachou de Brasília para São Bernardo do Campo, no Grande ABC, nada menos do que dez caminhões com objetos pessoais, presentes recebidos durante os dois mandatos e outras tantas quinquilharias. Há quem garanta, inclusive, que presentes e joias ofertados por estadistas estrangeiros e que foram devida e legalmente incorporados ao acervo da Presidência da República agora repousam no duplex que o arrogante Lula mantém na cidade da Grande São Paulo que é tida como berço do sindicalismo nacional.

A terceira hipótese, a mais absurda delas, é que pode existir no Brasil um santeiro com boas relações palacianas, que presenteia os presidentes da República sempre com o mesmo crucifixo. E nesse rol de agraciados com o mimo está o ex-presidente Itamar Franco.

Resumindo, ou a presidente Dilma revela a verdade, dizendo que seu pensamento não coaduna com a pretérita pregação do mais ilustre frequentador da Galiléia, ou Lula deve assumir desde já a sua porção de gatuno, não sem antes devolver aquilo que até então parece ser de propriedade do povo brasileiro. No contraponto, se essa tese estiver equivocada, Lula deve vir a público e aplicar uma carraspana na sua pupila, pois do contrário jamais saberemos se alguém mentiu ou surrupiou.

Se nada disso acontecer, que a Casa Civil, agora sob o comando do “companheiro” Antonio Palocci Filho, faça um dossiê esmiuçando a mudança de Dom Lula I e de sua rainha Marisa Letícia, repetindo gesto da agora presidente Dilma, que em passado não tão distante ordenou a confecção de um dossiê sobre os gastos do então presidente Fernando Henrique Cardoso e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso. E é bom lembrar à camaradagem “rouge” que chumbo trocado não dói.