Dilma Rousseff evita polêmicas, mas elege aliados para enfrentar os inimigos e a oposição

Longe da fogueira – Lançada por Lula da Silva para sucedê-lo no Palácio do Planalto, a agora presidente Dilma Rousseff deu muito trabalho aos marqueteiros de campanha por causa da sua dificuldade de comunicação, sem contar o viés nada diplomático de muitos de seus discursos.

Desde que chegou à Presidência da República, Dilma tem transferido aos seus mais próximos assessores a responsabilidade pela solução de problemas complexos, sem fazer publicamente qualquer comentário sobre os respectivos temas. O mais espinhoso assunto do momento é o magro aumento do salário mínimo, que já coloca em lados opostos o governo federal e as centras sindicais. Para não entrar em rota de colisão com os líderes sindicais, o que teria reflexos imediatos na Câmara dos Deputados, Dilma combinou com o companheiro Lula uma artilharia contra os sindicalistas. E o ataque foi deflagrado a partir de Dakar, capital do Senegal, onde o ex-presidente participou da 11ª edição do Fórum Social Mundial.

Outra frente de batalha da qual a presidente tem se distanciado é o trato com os partidos de oposição. Ciente de que o PSBD pode fazer sombra ao Palácio do Planalto, em especial no Senado Federal, Dilma escalou o presidente do PT, José Eduardo Dutra, que foi um dos coordenadores da campanha presidencial petista, para açoitar os caciques do tucanato.

Sem nenhuma cerimônia, o pernambucano Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, e o petista Dutra têm utilizado as redes sociais para trocas de farpas. Na noite de terça-feira (8), Guerra usou o microblog que mantém no Twitter para mandar um recado ao presidente do PT. “Quando precisares falar com o PSDB, fale comigo”, escreveu Sérgio Guerra. “Nunca lhe perguntei quem manda no PT”, completou o tucano.

Semanas atrás, José Eduardo Dutra se entranhou com José Serra, também no Twitter. O ex-presidenciável tucano usou seu microblog para criticar as falhas no Sistema de Seleção Unificada, o SiSU.

Sem embarcar na provocação de Sérgio Guerra, o presidente do PT apenas postou uma pergunta. “Juro que não entendi a que vc está se referindo. Poderia me explicar?”. O tucano, que acabou escancarando o racha que domina o partido, respondeu alertando que o PT não terá vida fácil daqui por diante. “Serra foi nosso candidato recentemente e será um forte líder das oposições brasileiras”, afirmou. “Aécio Neves, agora no Parlamento, será outro líder importante. Vocês terão uma oposição muito mais dura do que imaginam”, emendou Sérgio Guerra.

Esse entrevero cibernético mostra com boa dose de clareza que Dilma Rousseff herdou problemas demais e quer passar ao largo da queda de braços que marca a vida política nacional.