Golpe de 64 – Luiz Henrique da Silveira foi um fiel escudeiro do ex-deputado Ulysses Guimarães (SP). Como deputado federal galgou degraus no partido até chegar à presidência da executiva nacional. O ex-governador de Santa Catarina e agora senador da República era do grupo que se reunia em torno do “senhor Constituição” animados pelo “Poire William”, aguardente com penetrante perfume de pêra.
Assim como os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), da velha guarda peemedebista, costuma cortar “P” quando cita o partido. É o MDB velho de guerra. Alinhado à dissidência da agremiação, Luiz Henrique avisou que não isolará, mas “não serei incoerente com a minha história”.
O senador pretende ter uma atuação “por dentro do partido” para que o “MDB se reafirme no cenário nacional” com uma proposta e projeto de nação. Sua conversa com o líder da bancada, Renan Calheiros (AL), e com o presidente do Senado, José Sarney (AP), no entanto, lhe garantiu vitória na semana passada ao ser indicado titular da poderosa e importante Comissão de Constituição e Justiça. Deverá ser indicado também – como deseja – suplente das comissões de Relações Exteriores e de Assuntos Econômicos.
Em Santa Catarina, Luiz Henrique fez parceria com o governador Raimundo Colombo (DEM). De acordo com o jornalista Prisco Paraíso, o temor dos dois é que o PT faça com os adversários o que os militares de 64 fizeram com os oponentes da época: rolo compressor. Basta lembrar o tamanho do MDB em 1966. Para se ter uma ideia, dos 513 deputados federais 400 perfilam-se com o governo, além de 50 dos 81 senadores. Com 3/5 do Congresso, o Planalto deita e rola, com maioria constitucional.
No embalo de uma reforma política, o Palácio Planalto seguramente fará de tudo para minguar ainda mais a oposição, na expectativa de torná-la menos do que hoje. Prisco Paraíso observa que quando se fala em governo e no PT, não se pode restringir a Dilma Rousseff, tendo que agregar ainda Lula da Silva. De quebra, uma vigorosa máquina federal, com orçamento invejável, sem falar nas emendas parlamentares, essencialmente sedutoras.
Toda essa articulação de Luiz Henrique e Raimundo Colombo tem pela frente obstáculos nacionais bem mais complicadores do que os regionais. A dupla nem de longe subestima a força do governo e do PT.