Queda de braço – Governador de Pernambuco e principal liderança do PSB, legenda que comanda na condição de capitão hereditário do finado Miguel Arraes, de quem é neto, Eduardo Campos está prestes a contabilizar baixas expressivas na linha de frente da legenda.
Desde que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva lhe cedeu espaço na vitrine palaciana, o mandatário pernambucano chamou para si a prerrogativa de tomar decisões unilaterais e que contrariaram muitos dos integrantes do partido. Um dos primeiros a torcer o nariz para Eduardo Campos foi o ex-deputado federal Ciro Gomes, que teve a sua candidatura à Presidência da República abortada por conta da proximidade do chefão do partido com o então presidente Lula.
Agora, com Eduardo Campos dando as cartas no PSB, devem deixar a legenda o ex-deputado Ciro Gomes e o seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes. No vácuo dessas quase consumadas deserções outras virão. Quem já se movimenta nos bastidores é o deputado federal Gabriel Chalita (PSB-SP), muito ligado ao governador paulista Geraldo Alckmin e que vem confabulando nos bastidores com os irmãos Gomes e com o prefeito Gilberto Kassab, da cidade de São Paulo.
Chalita e Cid Gomes há muito articulam a criação de um novo partido político, o que pode explicar a repentina aproximação com Kassab, que deve deixar o Democratas nos próximos meses e fundar o Partido da Democracia Brasileira, que mais adiante se fundiria com o PSB de Eduardo Campos.
Acontece que o governador pernambucano começa a se transformar em um tirano partidário, especialmente porque nas indicações do partido para o primeiro escalão do governo Dilma Rousseff a sua opinião teve peso muito maior, o que contrariou boa parte dos socialistas. A última queda de braço imposta por Eduardo Campos ocorreu por ocasião da escolha da deputada federal Ana Arraes (PE), sua mãe, como líder do PSB na Câmara, cargo até então almejado por Gabriel Chalita.
A briga pelo poder dentro do PSB atravessa o plano de Eduardo Campos de concorrer ao Palácio do Planalto em 2014. Se isso de fato acontecer, seu espaço no governo de Dilma Rousseff deve encolher dentro de no máximo dois anos, pois a neopetista evitará estorvos em sua tentativa de reeleição ou deixará o caminho livre para o eventual retorno do companheiro Lula. E a partir desse momento um partido com Kassab, Ciro Gomes, Cid Gomes e Chalita fará muito mais barulho do que o PSB.