Enxadrismo mundial – O desastre natural que atingiu o Japão colocou as usinas nucleares locais sob derretimento, mas ao mesmo tempo despejou água fria sobre as pretensões dos revoltosos da Líbia, que começam a perder terreno para o ditador Muammar Khaddafi. Enquanto a comunidade internacional se une para socorrer as vítimas do mais violento da história japonesa, Khaddafi usa a força para retomar o terreno perdido nos últimos dias.
Usando o aparato militar do Estado líbio, Khaddafi começou a bombardear nesta segunda-feira (14) as cidades que há dias caíram nas mãos daqueles que fazem oposição a um dos mais sanguinários e totalitaristas regimes do mundo árabe. Isso só foi possível porque a Casa Branca alimenta um impasse diante da crise líbia e os representantes da comunidade europeia continuam na seara dos discursos evasivos. Ao anunciarem sanções contra o atual governo da Líbia, os principais líderes políticos internacionais se apequenaram diante das ameaças de Muammar Khaddafi, que prometeu lutar até a morte para defender sua permanência no poder.
Acontece que a Líbia vive não apenas uma onda pela democracia e liberdade, mas uma clara queda de braços entre as diversas tribos que integram a população do país africano. A lufada revoltosa que vinha ocupando o noticiário internacional serviu para o ressurgimento da disputa pelo poder, há décadas nas mãos do tirano Khaddafi.
A possibilidade de a Líbia respirar os ares da democracia ainda existe, mas é preciso que as autoridades globais ajam rapidamente. No contraponto, um arrefecimento nos discursos dos líderes mundiais deve ocorrer nos próximos dias, pois o aumento do preço do petróleo decorrente da crise líbia seria um ingrediente a mais para reforçar a instabilidade econômica mundial que será turbinada pela tragédia japonesa.