(*) (*) Thais Leitão, da Agência Brasil –
A secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin, se reuniu na manhã de hoje (18) com uma comissão formada por pais de alunos da Escola Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste da cidade, onde 12 crianças morreram baleadas e 12 ficaram feridas no último dia 7, vítimas do atirador Wellington Menezes de Oliveira. De acordo com Costin, o município vai atender às principais reivindicações do grupo.
Entre as prioridades estão a presença permanente de um psicólogo na escola; segurança por equipes da Guarda Municipal; instalação de um posto de primeiros-socorros, que deve ficar pronto em três semanas; reforço de dois inspetores, que devem começar a trabalhar no local na semana que vem; e a promoção de atividades artísticas e esportivas para as crianças.
Segundo Costin, os pais pediram que os funcionários da escola fiquem mais atentos a alunos que possam ter alterações comportamentais. “[O atendimento de] boa parte dessas reivindicações não teria impedido o que aconteceu, mas, com certeza, melhora as condições de segurança da escola e, especialmente, traz um pouco mais de enfrentamento do medo natural que vai ser viver este momento”, disse.
A secretária municipal de Educação também informou que a unidade de ensino sofreu mudanças para garantir aos alunos um ambiente diferente ao que havia antes do massacre. “As salas já estão remodeladas, a biblioteca já está instalada junto com laboratório de informática nas salas [onde ocorreram as mortes], o aquário chegou, as escadas foram pintadas, a limpeza foi concluída”, acrescentou, reafirmando que a expectativa é que as aulas na Tasso da Silveira sejam retomadas em três semanas.
Na tarde de hoje (18) os alunos do 9º ano voltam à escola para uma série de atividades culturais e lúdicas, como confecção de mosaicos e pintura de paredes, que serão acompanhadas por psicólogos. Amanhã (19), os demais alunos também devem retornar ao colégio para atividades semelhantes. Além da equipe pedagógica, um grupo de quinze voluntários, alunos da Escola Municipal Nicarágua, no mesmo bairro, também estão recepcionando os estudantes da Tasso da Silveira. De acordo com a secretária, a estratégia foi uma sugestão da equipe de psicólogos, que acredita que “funciona muito melhor jovem falando com outro jovem”.
Claudia Costin também destacou que os vinte pedidos de transferência registrados pela direção da escola em apenas quatro dias, conforme informou mais cedo o diretor Luís Marduck, é pequeno quando se leva em consideração que a unidade conta com cerca de 1 mil alunos.
A dona de casa Maria da Glória Alves, mãe de uma aluna do nono ano, esteve na escola no início da tarde de hoje (18) para cancelar a matrícula da filha, de 14 anos. Segundo ela, a menina está muito abalada e não quer voltar ao local da tragédia. “Um grupo de amiguinhas dela saiu da escola e vai estudar num colégio particular aqui perto e ela quer ir junto. Eu até acho que ela poderia ficar para enfrentar o medo, mas ela disse que não volta aqui de jeito nenhum”, contou.
Já o auxiliar de serviços gerais Valmir de Souza, pai de uma aluna de 11 anos, levou a filha para receber atendimento psicológico na escola nesta manhã. Ele disse que não vai mudar a menina de colégio, mas admitiu estar preocupado com o comportamento da estudante. “Ela está praticamente muda, fechada, não fala muito. Se for procurar outra escola, não vai ter vaga para todo mundo, então é melhor que ela continue aqui mesmo. Espero que com o tempo ela vá melhorando. Com as atividades, o reencontro com os amigos, ela vai se readaptar”, disse. (Foto: Severino Silva – O Dia)