Logística falha – O consumidor de combustível não deve enfrentar somente o preço alto da gasolina, que em vários estados ultrapassa a R$ 3. Começa a faltar o produto nas bombas de combustíveis, o que deve provocar efeitos colaterais na economia doméstica. Diversos postos de gasolina do Distrito Federal, por exemplo, tiveram de fechar algumas bombas no final de semana. A escassez da gasolina foi um problema no feriado prolongado da Páscoa e deve continuar ainda nesta semana. Há fatores que contribuem para essa situação, como a disparada do preço do etanol. As distribuidoras não estão conseguindo encontrar o produto para atender à demanda.
O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de produtos, Alísio Vaz, tem outra explicação. No ultimo sábado (23), Vaz disse que está ocorrendo um atraso na entrega por conta de gargalos logísticos e que a previsão é que o problema seja resolvido somente em maio.
O etanol subiu mais de 30% nos postos de combustíveis desde o início do ano. Os motoristas migraram em massa para a gasolina, provocando escassez do produto. Faltou combustível em alguns postos do interior de São Paulo e a Petrobras e os usineiros chegaram a importar gasolina e etanol.
A situação é resultado da queda da produção de etanol, provocada pela entressafra da cana e pela alta do preço do açúcar, mas reflete também um problema estrutural do País. Com o aumento da frota de veículos e o crescimento da economia, e sem investimentos compatíveis na produção de gasolina, diesel e etanol, o País começa a viver um “apagão” de combustíveis.
Segundo informou no domingo (24) a “Agência Estado”, a situação provocará um déficit de US$ 18 bilhões na balança de derivados de petróleo este ano, conforme projeção da RC Consultores. Em 2010, as importações de derivados de petróleo ultrapassaram as exportações em US$ 13 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Em 2000, o rombo era de US$ 3,2 bilhões.
Diferente do “apagão” de energia elétrica, que interrompe a produção nas fábricas e deixa as cidades às escuras, a falta de combustível é sanada com importações, desde que a situação não seja muito grave. “A população pode não perceber, mas vivemos um estrangulamento do setor de combustíveis, um apagão”, disse Adriano Pires, diretor executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).