(*) Marcos Rosetti, da Agência Congresso –
O governo da presidente Dilma Rousseff (PT) foi acusado ontem, na tribuna da Câmara dos Deputados, de preferir o gás produzido na Bolívia, em detrimento do gás capixaba, que estaria gerando um prejuízo ao estado de R$ 296 milhões por ano em ICMS.
A crítica foi feita pelo deputado Audífax Barcelos, do PSB, partido da base de apoio do governo, durante sessão da Câmara presidida pela deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), vice-presidente da Casa. Ele citou que o Espírito Santo produz 20 milhões de metros cúbicos de gás por dia e exporta apenas 2,8 milhões.
Há dois anos a situação era totalmente diferente, de acordo com o parlamentar. Toda a produção capixaba era absorvida pelo mercado nacional: “A realidade de hoje tem gerado desemprego e fechamento de várias empresas em São Mateus e na Serra, porque o gás da Bolívia é 27% mais barato”, afirmou.
O deputado vê questões políticas no tema, devido à proximidade ideológica entre o governo da Bolívia e o Partido dos Trabalhadores. A crise que atinge o Espírito Santo já dura um ano, período em que a produção boliviana ocupou o mercado que era abastecido pelo gás capixaba. O estado, segundo Audífax, abastecia principalmente Rio, São Paulo e todo o Nordeste.
“Quero chamar a atenção deste Parlamento, imprensa e governo federal, pela perda de receita e empregos, apesar de termos condições de fornecermos gás para todo o Brasil. A população está perdendo quase 300 milhões em ICMS em função da queda de arrecadação. Dinheiro que poderia ser investido em melhorias para a população. É preciso reverter essa situação”, completou.
O gás capixaba vem da região norte do Estado, via gasoduto até os municípios da Grande Vitória. Um ramal contorna a ilha, saindo do município da Serra, levando gás para os municípios de Viana e Cariacica, na parte sul da Capital, ficando sua extremidade bem próxima ao município de Vila Velha.