Com medo do PMDB, palacianos ordenam novo adiamento da votação do Código Florestal Brasileiro

Para depois – Ao perceber que poderia ser derrotado na votação do projeto que cria o novo Código Florestal Brasileiro, na noite de quarta-feira (11), o Palácio do Planalto entrou em ação e obrigou o PT a um vexame que remeteu ao fiasco protagonizado pelo ex-senador Aloizio Mercadante, atual ministro de Ciência de Tecnologia, que no rastro do escândalo dos atos secretos renunciou em caráter irrevogável a liderança do PT no Senado, mas, dias depois, revogou a irrevogabilidade.

O que a bancada do PT na Câmara dos Deputados fez durante o processo de discussão do Código Florestal foi semelhante, pois defendeu a votação e a aprovação da matéria para em seguida mudar de ideia. Líder do PT na Casa, o deputado federal Paulo Teixeira (SP) se enrolou de forma vergonhosa ao tentar mudar o discurso e colocar a culpa no relator da matéria, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que não levou desaforo para casa e nominou os traidores.

Na tarde desta quinta-feira (12), o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o Código Florestal pode não ser votado na próxima semana. A manobra se deve ao fato de o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), estará em viagem ao exterior. Sendo assim, a presidência passaria para a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), ligada ao líder da bancada, Henrique Eduardo Alves (RN). Como o Planalto não quer perder o controle da situação, a votação deve ser postergada mais uma vez.

O perigo maior está na declaração de Henrique Eduardo Alves, que ao concordar com o adiamento da votação do projeto que cria o Código Florestal, na noite de quarta-feira, disse que o PMDB não votaria qualquer outra matéria até a liquidação da matéria relatada por Aldo Rebelo.

Na queda de braços que pode surgir na Câmara a partir da próxima semana estão Medidas Provisórias de interesse do governo federal.

MP 517/10 – reduz a zero o Imposto de Renda sobre os rendimentos de títulos privados se o comprador residir no exterior;
MP 520/10 – cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) para legalizar a situação dos funcionários e prestadores de serviços dos hospitais universitários federais;
MP 521/10 – aumenta o valor da bolsa de médico residente e altera sua forma de filiação à Previdência Social, além de garantir licença-maternidade e paternidade a esse profissional

Tal cenário comprova tese defendida pelo ucho.info durante as eleições de 2010, pois o PT trabalhou com um plano B, que elegeu extensa bancada de deputados federais, como forma de neutralizar uma eventual chegada de Michel Temer ao poder central em caso de afastamento de Dilma Rousseff. Os jornalistas deste site foram duramente contestados à época, mas depois a confirmação surgiu de maneira espontânea.

Em outras palavras, o Partido dos Trabalhadores teme o aliado PMDB. E ao deixar claro esse temor o PT mostrou ao PMDB que a legenda é mais importante do que muitos imaginavam. Os brasileiros que se preparem, pois o PMDB ainda não empunhou a sacola de maldades e a temporada de escambos ainda não começou.